Cidades

Ibama e Butantan discutem destino de naja e víbora-verde-de-voguel

As cobras exóticas estão no Zoológico de Brasília, desde o começo do mês. As serpentes não pertencem à fauna brasileira e não há antiofídico dessas espécies no Brasil

O Instituto Butantan está conversando com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) sobre o destino de duas serpentes exóticas e peçonhentas sem antiofídico no Brasil: a naja de monóculos e a víbora-verde-voguel. O Butantan informou ao Correio, nesta quarta-feira (29), que foi consultado pelo Ibama sobre o recebimento das cobras peçonhentas e os dois órgãos estão deliberando sobre o tema, mas, por ora, não há definição. 

As duas serpentes chegaram à Fundação Zoológico de Brasília, encaminhadas pelo Ibama, na segunda semana de julho, após Pedro Henrique Krambeck Lehmkul, de 22 anos, ser picado pela naja que ele criava em casa. Depois disso, a víbora-verde-voguel foi entregue na sede do Ibama, em Brasília, e o dono não foi responsabilizado, porque fez a devolução voluntária do animal. A Polícia Civil investiga se as duas cobras exóticas foram trazidas para o Brasil pelo mesmo grupo criminoso. 

Desde que estão no Zoológico, os animais são cuidados e tratados, mas não há definição se elas ficarão sob a tutela da Fundação. A naja vive num recinto com arbustos, pedras e um pequeno tanque de água; a víbora-verde-voguel vive está uma caixa de plástico com galhos e outros obstáculos naturais, para que ela possa interagir. O recinto onde as duas vivem são limpos periodicamente, e elas são alimentadas quinzenalmente. O Correio registrou a primeira vez que as duas cobras comeram.

Em artigo publicado no Correio, Igor Morais, gerente de projetos educacionais do Zoológico de Brasília, argumentou que é necessário realizar um estudo detalhado para entender se manter as serpentes na Fundação cumpre propósitos de conservação e educação ambiental e se isso é o melhor para o animal. “O zoológico moderno tem como meta a manutenção de populações saudáveis e viáveis de espécies para contribuir com a sua conservação, por meio de programas de reintrodução, pesquisa ou educação. Isso requer planejamento cuidadoso — chamado de Plano de Populações —, que utiliza o conhecimento sobre conservação para determinar quais espécies exigem atenção e necessitam de manejo em cativeiro, de acordo com a infraestrutura que a instituição fornece”, escreveu. 
 
O biólogo finaliza o texto dizendo que “manter animais, somente, como atração não é apenas um pensamento pequeno. É miseravelmente arcaico”