Ciência e Saúde

Afastamento de Nise Yamaguchi ocorreu por conflito com ética institucional, diz presidente do Einstein

De acordo com Sidney Klajner, médicos da instituição têm a liberdade de usar cloroquina com seus pacientes desde que assinem termo de esclarecimento

Correio Braziliense
postado em 23/07/2020 16:30
Sidney Klajnerafastamento da oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, que defende abertamente o uso de cloroquina contra a covid-19, foi comentado, nesta quinta-feira (23/7), pelo presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (Hospital Israelita Albert Einstein), Sidney Klajner.
 
Durante a participação no programa CB.Saúde, ele afirmou que o fato não ocorreu por conta da defesa que a médica faz da droga, mas, sim, porque a comunidade judaica em todo o mundo luta “contra a banalização do Holocausto, da morte de seis milhões de judeus, para comparações”.
 
À TV Brasilem entrevista concedida no início deste mês, Yamaguchi disse que é prejudicial incitar medo na população, afirmando que esse foi o mecanismo utilizado por nazistas para “controlar aquela massa de rebanho de judeus famintos”. Foi esse o motivo, segundo Klajner, que impediu a oncologista de receber novos casos no hospital, mas a ideia era que ela seguisse acompanhando os pacientes que já tratava na instituição, enquanto corria o processo do conselho de ética.
 
“Isso era algo em âmbito interno, não era para estar divulgado, mas a própria médica procurou a imprensa para divulgar da forma como ela entendeu que era. Eu parei de comentar [o caso]. Isso está em trâmite no comitê de ética institucional do nosso hospital para ter um desfecho, uma retratação pessoal, de próprio punho e não por advogados”, encerrou o presidente do Einstein. 

Procedimento para uso da cloroquina

Em outro ponto da conversa, Klajner lembrou que, embora não recomende o uso da cloroquina nos pacientes com covid-19, o Hospital Albert Einstein não proíbe que o tratamento seja escolhido pelos médicos que trabalham na instituição junto aos pacientes. “A autonomia do médico é sempre respeitada, deve ser respeitada em qualquer ambiente, ainda mais no Eistein”, ressaltou.
 
Ele mencionou ainda que a recomendação de que o medicamento não fosse utilizado se baseou em orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Food and Drug Administration (FDA – equivalente à Anvisa dos Estados Unidos). Assim, o possível impasse entre as orientações e a liberdade dos médicos na instituição é resolvido com a assinatura de um termo de esclarecimento fornecido aos pacientes.

“Caso houvesse o alinhamento das intenções do médico e de seu paciente, a farmácia dispensa essa medicação, mediante o termo de consentimento assinado, no qual o médico esclarece ao paciente que não existe evidência científica de seu benefício, mas existem, sim, efeitos colaterais já conhecidos”, pontuou.
 

Assista à íntegra da entrevista:

 

Ouça a entrevista em formato podcast:

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags