Diversão e Arte

Para presentear: Sugestões de livros que foram destaque em 2018

Em tempos de crise, livros podem ajudar a esclarecer a complexidade contemporânea. Ficção ou não, são sempre uma forma de expandir a consciência

Nahima Maciel
postado em 17/12/2018 06:00
Biografia de Michelle Obama é um dos livros mais comentados do ano
Foi um ano bom para a literatura produzida por mulheres, mas um ano ruim para o mercado editorial. Se as duas maiores redes do país ; Livraria Cultura e Saraiva ; pediram falência e as editoras não receberam pagamento pelos livros entregues às lojas, pelo menos as escritoras foram o grande destaque do ano. Carol Bensimon ganhou o Jabuti na categoria romance com O clube dos jardineiros da fumaça e Ana Paula Maia venceu o Prêmio São Paulo com Assim na terra como embaixo da terra. No São Paulo, aliás, mulheres venceram em todas as categorias. Cristina Judar com Oito do sete e Aline Bei, com O peso do pássaro morto ficaram, respectivamente, com os prêmios autor estreante com mais de 40 anos e autor estreante com menos de 40 anos.

[SAIBAMAIS]Nas listas de mais vendidos, o recém-publicado Minha vida, de Michelle Obama está entre os 10 primeiros. Em não-ficção, ele perde 21 lições para o século 21, de Yuval Noah Harari, número dois na lista da Publishnews e terceiro lugar na listagem da Veja, que tem, em quarto lugar, Como as democracias morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Na categoria ficção, o destaque é para o esperado primeiro volume de Fogo e Sangue, de George R. R. Martin. Em vez de encerrar a saga Game of Thrones, Martin decidiu se dedicar a uma nova história.

Saindo um pouco dos best-sellers, alguns recém-chegados às prateleiras merecem destaque, como a esperada biografia Jorge Amado, de Josélia Aguiar, Trump, de Bob Woodward, e o segundo volume de O livro de Jô ; uma autobiografia desautorizada, parceria de Jô Soares com Matinas Suzuki Jr.. O Diversão & Arte fez uma lista de sugestões dos livros que movimentaram a literatura e o mercado em 2018. Há um pouco de tudo e todos podem render bons presentes de Natal.

Gustavo PachecoAlguns humanos
De Gustavo Pacheco. Tinta da China Brasil, 144 páginas. R$ 65
Produtos de uma inquietação e de uma tentativa de distanciamento, os contos de Gustavo Pacheco causam incômodo. Neles, o ser humano adquire contornos cruéis e é observado e descrito por personagens que, de alguma forma, são submetidos a julgamentos duros. Boa parte das histórias foram inspiradas em fatos reais. Com 11 contos, o livro ganhou o prêmio Biblioteca Nacional. O livro é uma crítica à sociedade contemporânea, mas também às limitações de pensamento em geral, como explicou o autor, em entrevista ao Correio. ;O desafio é fazer isso de maneira convincente e a maneira mais fácil de fazer isso de maneira convincente é trabalhar com base na realidade, nessas histórias que parecem inventadas, mas não são;, disse Pacheco.

Geovani MartinsO sol na cabeça
De Geovani Martins. Companhia das Letras, 20 páginas. R$ 34,90
Celebrado como revelação da literatura jovem carioca, Geovani Martins fala de um universo nem sempre presente na produção contemporânea. Nascido e criado nas favelas do Rio de Janeiro, o escritor traz para os contos personagens que transitam em ambientes tensos, marcados pela presença das milícias, de uma polícia corrupta e de intenso tráfico de drogas. Discriminação e desigualdade acompanham raiva e revolta nas histórias narradas por Geovani. ;Eu quis fazer uma provocação;, disse Martins, em entrevista para o Correio após o lançamento do livro.

Carol Bensimon
O clube dos jardineiros da fumaça
De Carol Bensimon. Companhia das Letras, 64 páginas. R$ 49,90
A história do estudante brasileiro que vai para a Califórnia fazer doutorado e acaba trabalhando numa plantação de maconha foi também uma forma de Carol falar sobre os rumos de uma geração, sobre escolhas sociais e sobre tabus que assombram a sociedade brasileira. O livro, vencedor do Jabuti de melhor romance, tem narrativa marcada pela descrição de imagens e ações e é um dos melhores escritos pela gaúcha.

Minha vida
De Michelle Obama. Tradução: Débora Landsberg, Denise Bottmann e Renato Marques. Objetiva, 52 páginas. R$ 59,90
Narrado em primeira pessoa, com muita elegância e honestidade, o livro autobiográfico de Michelle Obama é também um livro de história recente dos Estados Unidos. A ex-primeira-dama fala com franqueza sobre os obstáculos enfrentados para conseguir estudar nas melhores universidades dos Estados Unidos, construir uma carreira profissional de sucesso e se tornar a primeira negra a residir na Casa Branca na condição de mulher do presidente da República.

Yuval Noah Harari21 lições para o século 21
De Yuval Noah Harari. Tradução: Paulo Geiger. Companhia das Letras, 446 páginas. R$ 54,90
Com uma escrita capaz tornar a ciência não só palatável, mas atraente, Harari chega ao terceiro livro traduzido no Brasil como uma espécie de celebridade. Depois de Sapiens: uma breve história da humanidade e Homo Deus: uma breve história do amanhã, agora ele propõe ensaios para cada um dos desafios e das complexidades do século 21. Religião, terrorismo, guerra, imigração, pós-verdade, nacionalismo, liberdade, justiça, educação e outros temas pontuam cada um dos capítulos, que podem ser lidos independente da sequência proposta pelo autor.

George R.R. Martin
Fogo & sangue
De George R. R. Martin. Tradução: Regiane Winarski e Leonardo Alves. Suma de Letras, 600 páginas. R$ 69,90
Enquanto os fãs de Game of Thrones esperam ansiosamente pelos dois últimos livros da saga Crônicas de gelo e fogo ; Martin havia prometido mais dois livros ;, o escritor termina o ano com o primeiro volume de uma nova saga. Em Fogo & sangue, Martin conta a história da família Targaryen, senhores dos dragões e únicos a sobreviverem à Destruição de Valíria. É Aegon, o Conquistador e criador do Trono de Ferro, quem dá início ao primeiro volume dessa nova saga.

Tiago Ferro
O pai da menina morta
De Tiago Ferro. Todavia, 174 páginas. R$ 44,90
Da dor e do luto após a morte da filha de 8 anos, Tiago Ferro escreveu um dos melhores romances do ano. Com narrativa experimental, nada linear, Ferro fala do vaivém de sentimentos ao longo do processo de compreensão da morte de um filho.

Steven Levitsky
Como as democracias morrem
Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Tradução: Renato Aguiar. Zahar, 270 páginas. R$ 59,90
Não são mais os golpes de estado que ameaçam a democracia, e sim , o próprio sistema democrático. E por meio deles que autoritarismo e os oportunistas chegam ao poder e colocam em prática a destruição das instituições. Levitsky e Ziblatt explicam isso de maneira muito clara nesse livro publicado em setembro que, até hoje, está entre os 10 mais vendidos nas listas de não-ficção.

Jô Soares
O livro de Jô ; uma autobiografia desautorizada
De Jô Soares e Matinas Suzuki Jr. Companhia das letras, 384 páginas. R$ 69,90
Em entrevista no final de 2017, quando lançou o primeiro volume da autobiografia, Jô Soares avisou que havia um segundo volume, programado o fim de 2018, e, talvez, até um terceiro. Se o primeiro volume contava com mais de 500 páginas. e continuação vem mais enxuta e retoma a vida do comediante a partir de 1969, quando Jô subiu ao palco para fazer, pela primeira vez, o tipo de programa de televisão pelo qual ficaria conhecido.

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