Nahima Maciel
postado em 05/12/2019 06:30
[FOTO1]Há cerca de seis meses, Ana Avelar, curadora da Casa da Cultura da América Latina (CAL), decidiu que era hora de acelerar o processo de formação de uma coleção de arte contemporânea na instituição. Ligada à Universidade de Brasília (UnB), na qual Ana dá aulas, a CAL tem um acervo importante e considerável de 2.700 obras que são fontes de pesquisa para os estudantes universitários e para a sociedade. Boa parte tem um viés etnográfico indígena e há um núcleo com artistas de Brasília. No entanto, a coleção tinha coisa da produção contemporânea nacional. ;A gente começou com alguns trabalhos pontuais, há 3 anos, mas nos últimos 6 meses percebemos que era necessário ter um procedimento mais acelerado diante das mudanças pelas quais as universidades federais estão passando;, explica Ana, que assina a curadoria com Gisele Lima. ;Temendo que não desse tempo de completar essa coleção, resolvemos tomar uma atitude mais ativa e, nos últimos 6 meses, fizemos um projeto de doações já com a ideia de formar uma nova coleção.;O resultado está na exposição Triangular: arte deste século ; Aquisições recentes para o acervo da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília, em cartaz na Casa Niemeyer até agosto de 2020. As 120 obras entraram para o acervo mediante doação. Para cada artista convidado, a equipe pediu que selecionasse trabalhos pelos quais gostaria de ser conhecido em uma coleção de arte pública. ;Com o peso que isso tem e sempre vai ter;, repara Ana. ;Foram três nãos. Praticamente todos os artistas aceitaram por serem a favor de um projeto da universidade pública e da formação de estudantes em arte contemporânea. Mas a gente está fazendo esse trabalho para toda a sociedade, porque a coleção é pública e pode ser visitada.;
A coleção é inteiramente formada por trabalhos produzidos entre 2000 e 2018 e ficará exposta durante os próximos seis meses. ;Se aparece alguma obra produzida anteriormente, é porque foi ressignificado pelo artista, entendendo que ele tem um peso hoje. Há trabalhos de todas as gerações, de norte a sul, premiados e iniciantes. O que há em comum entre esses trabalhos é que são representativos desses artistas, não são trabalhos secundários, porque normalmente artistas doam trabalhos secundários;, garante Ana.
Além de um bom time de artistas locais, com nomes como Alice Lara, Adriana Vignoli, Bia Leitte, Camila Soato, Christus Nóbrega, Elder Rocha, Cecília Mori, Gê Orthof, Eduardo Belga, Gu da Cei e Karina Dias, a coleção tem também uma boa representatividade nacional. Obras de Barbara Wagner, João Castilho , Caetano Dias, Dalton de Paula, Delson Ushôa, Divino Sobral, Lenora de Barros, Guto Lacaz e Tiago Santana também integram o lote de doações. ;Uma das orientações era que doassem um grupo de trabalhos, porque são não só para pesquisa, mas para circulação;, diz a curadora.
Ela lembra que a CAL é um museu universitário e que, como boa parte desse tipo de instituição no Brasil, tem dificuldade para se manter. ;Os museus universitários, como estão precarizados, têm muita dificuldade em atualizar a coleção. Foi um esforço que fizemos para mostrar os debates da arte contemporânea e formar alunos mais bem preparados para atuar na área;, explica. ;Esses museus têm uma natureza muito específica que é justamente ser um braço da formação.;
Triangular: arte deste século ; Aquisições recentes para o acervo da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília
Abertura amanhã, às 19h, na Casa Niemeyer. SMPW 26, Conjunto 03, Casa 07 ; Park Way, Brasília ; DF. Visitação até 10 de agosto, diariamente, das 8h às 18h.