Diversão e Arte

Aplicativo de celular revoluciona forma de ver clipes

Empresa americana desenvolve aplicativo que permite a visualização de clipes com a técnica da realidade aumentada. O lançamento da plataforma foi com um vídeo da cantora brasileira Laura Rizzotto

Correio Braziliense
postado em 04/03/2020 07:00
Empresa americana desenvolve aplicativo que permite a visualização de clipes com a técnica da realidade aumentada. O lançamento da plataforma foi com um vídeo da cantora brasileira Laura Rizzotto

Por um aplicativo de celular, transforme a sala ou o quarto de casa em palco para seu artista preferido. Em questão de segundos, visualize uma performance dele pertinho de você, dançando e cantando quase como em um show particular, e ainda aproveite para dançar junto e tirar fotos. Quando o assunto é tecnologia e, sobretudo, realidade aumentada, as fronteiras entre o real e o imaginário estão em constante mutação.

Desta vez, uma empresa norte-americana, a Metastage, convidou uma cantora brasileiraLaura Rizzotto, para lançar um aplicativo de realidade aumentada. “A ideia era combinar o lançamento do aplicativo com o novo single da Laura, One more night, tornando-a a primeira artista na história a lançar uma música inédita com uma performance virtual usando este tipo de tecnologia”, explica a criadora de conteúdo, produtora e irmã da artista, Carolina Rizzotto. “Fiquei superanimada com a oportunidade. A tecnologia é revolucionária e o projeto era ambicioso: ser a primeira artista na história a lançar uma música inédita com uma performance virtual, usando a tecnologia de captação volumétrica. Foi uma experiência única poder participar com a minha arte em um projeto pioneiro como este”, complementa Laura.

Localizada no sul da Califórnia, a Metastage é um estúdio de captação volumétrica, ou seja, o trabalho consiste em gravar hologramas totalmente tridimensionais. O cantor se coloca no centro de um palco leve, completamente verde, com mais de 100 câmeras ao redor. “As câmeras captam a performance de todos os ângulos possíveis. Isso é importante para que o sistema tenha informação  suficiente para transformar o artista em um objeto virtual em 3D. Ele se posiciona bem no meio do estúdio e tem que trabalhar com um espaço de uns 8 pés de diâmetro. É importante não passar desse espaço, já que nem todas as câmeras alcançam fora dessa distância”, explica Carolina.
 
Empresa americana desenvolve aplicativo que permite a visualização de clipes com a técnica da realidade aumentada. O lançamento da plataforma foi com um vídeo da cantora brasileira Laura Rizzotto 
 
Apesar dos avanços, a tecnologia ainda esbarra em determinadas limitações. Como o estúdio é verde, as roupas usadas não podem ser do mesmo tom; deve-se evitar bijuterias que ficam penduradas no corpo e são muito finas, senão corre o risco da filmagem não captar o objeto corretamente; precisa tomar cuidado com roupas pretas, pois às vezes o sistema não capta volume e sombras; entre outros aspectos técnicos. “Acho que a parte mais diferente é o fato de que a performance não pode ser editada. A Laura teve que acertar cada movimento e cada nota da música numa tomada só, já que é uma filmagem em 360 e não tem como juntar as melhores partes de cada performance depois. Isso torna o processo de filmagem mais semelhante a um show ao vivo, em que você não pode errar. A diferença é que podíamos refilmar a música caso algo desse errado, mas tínhamos que começar do início todas as vezes”, pontua a produtora.

Para os consumidores, fãs de música e viciados em tecnologia, o aplicativo de realidade aumentada está disponível para download tanto para usuários de Android quanto para iOS. Com ele, é possível visualizar um holograma da artista brasileira onde quer que esteja e interagir com a performance. A revista estadunidense de economia e negócios Forbes elegeu o app como uma das principais ativações volumétricas de AR de 2019, tendo em vista qualidade de conteúdo, inovação no formato e potencial para impacto futuro.

Empresa americana desenvolve aplicativo que permite a visualização de clipes com a técnica da realidade aumentada. O lançamento da plataforma foi com um vídeo da cantora brasileira Laura Rizzotto

Carreira


Aos 7 anos, Laura deu início à educação formal em música com aulas de piano clássico. As primeiras composições vieram alguns anos depois, quando a jovem tinha 11 anos. A carreira profissional como cantora e compositora não demorou muito, e Laura começou, aos 15 anos, a fazer shows com material autoral no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Este ano comemoro 10 anos de carreira e estou trabalhando no meu terceiro álbum, que será com certeza meu projeto favorito que já criei. Sou muito grata por minha jornada criativa e pessoal nesta última década musical e mal posso esperar para compartilhar meu próximo projeto. Meu melhor ainda está por vir”, avalia. 

Há oito anos, ela mora nos Estados Unidos. Laura trabalhou com artistas como Demi Lovato e Jennifer Lopez e conquistou atenção internacional ao representar a Letônia no Eurovision Song Contest 2018, concurso anual de música mais antigo do mundo. A canção que ela cantou, Funny girl, é uma das duas apresentações que estreou no aplicativo Metastage.

 
Empresa americana desenvolve aplicativo que permite a visualização de clipes com a técnica da realidade aumentada. O lançamento da plataforma foi com um vídeo da cantora brasileira Laura Rizzotto 

Quatro perguntas / Laura Rizzotto

Qual é o objetivo de vocês em fazer essa união?

O projeto do Metastage é o começo de uma revolução na indústria do entretenimento. Queríamos criar algo inédito que desafiasse como as pessoas consomem conteúdo e arte. O Metastage é um exemplo das infinitas possibilidades que os artistas poderão explorar com seu processo criativo, graças ao desenvolvimento de novas tecnologias. Mal posso esperar para ver o que outros artistas vão criar usando essas novas ferramentas.

Como artista, o que sente de diferente?

Sinto-me em casa no palco, porém a experiência da criação do holograma foi definitivamente um desafio interessante. Quando estou fazendo show, minha atenção está focada no meu público ou numa câmera específica. Para este projeto, eu estava em um palco de tela verde, cercada por 106 câmeras, que estavam me captando de todos os ângulos possíveis. Tinha que manter em mente como a minha performance fotografaria de vários pontos de vista, além do limite de diâmetro estabelecido para meus movimentos, para garantir que meu corpo todo fosse capturado corretamente.

Como você se sentiu ao se ver em holograma pela primeira vez?

Minha primeira reação foi “Olha, virei The Sims!”. Foi surreal. Fiquei chocada com o quão realista já estavam os primeiros hologramas que fizemos na fase de teste. Quando vi as versões finais do projeto pela primeira vez, mal podia acreditar. 

Qual o impacto disso para o mercado musical, para o artista e para o público?

A tecnologia de AR permite o artista de se conectar com o seu público de uma forma que nunca foi feita antes. A troca de conteúdo que ocorre em mídias sociais é uma ferramenta importante para essa relação de proximidade de um artista com seus fãs, e vice-versa. Com o aplicativo Metastage, essa proximidade aumenta em outro nível.

 
As irmãs e a equipe do Metastage 

Quatro perguntas / Carolina Rizzotto

Qual é o objetivo de vocês em fazer essa união?

A Laura tem fãs espalhados por vários cantos do mundo, já que ela tem raízes brasileiras, letãs e mora nos Estados Unidos. Esse projeto foi a oportunidade perfeita para Laura conectar com todo o seu público de uma forma única, e de certa forma muito mais pessoal do que as redes sociais permitem: dançando e cantando bem na sua frente aonde quer que você esteja no mundo. Você pode até se gravar ao lado dela, o que é mais legal ainda. É como se fosse um show e meet and greet portátil, na hora que você quiser.

No Brasil, ainda não sentimos que esse tipo de tecnologia (AR) vingou. Acha que pela música isso pode ser diferente?

Um dos segredos para qualquer tecnologia se popularizar é introduzi-la por meio de uma plataforma comercial que já seja de interesse do público. Música faz parte do nosso dia a dia e isso facilita a introdução desta nova tecnologia em nosso cotidiano. Tenho certeza de que é uma questão de tempo para a AR se tornar uma febre no Brasil e no resto do mundo.

Com a experiência que tiveram, o que sentiram que ainda pode melhorar? 

Toda nova tecnologia pode ser aperfeiçoada. A diferença é que realidade aumentada ainda é uma inovação muito recente na indústria do entretenimento, então há certas limitações técnicas que chamam mais atenção. De um ponto de visto estético, estou animada para a captação de cabelo melhorar. A Laura precisou cantar e dançar com penteados de cabelo preso já que, às vezes, pelo cabelo ser fino, nem todas as câmeras captavam as mechas corretamente. Mas acima de tudo, ter menos limitações de espaço para se apresentar seria ótimo, ainda mais porque assim poderíamos incluir mais dançarinos com o artista e tornar a apresentação mais divertida e próxima de um clipe de música, só que em AR.

Qual o impacto disso para o mercado musical, para o artista e para o público?

O impacto entre os três está interligado. No mercado musical, essa tecnologia torna possível desenvolver mais um meio para o artista se conectar com seus fãs. O fato de que os fãs podem se filmar e tirar fotos ao lado da cantora, como se ela estivesse bem ao seu lado, é incrível. Isso ajuda também a dar mais visibilidade ao artista, já que é muito mais provável um fã divulgar nas redes sociais uma foto com o seu performer favorito do que só uma imagem do cantor sozinho.


Confira o vídeo de por trás das câmeras do processo bem como o tutorial sobre o aplicativo no canal do YouTube da Laura Rizzotto com legenda em português.
 
 


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  • Foto: Carolina Rizzotto/Divulgação
  • Foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press
  • Foto: Divulgação
  • Foto: Arquivo Pessoal

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