Diversão e Arte

Familiares e amigos fazem corrente solidária para palhaço Mandioca Frita

Força ao palhaço: os anos dedicados à arte da palhaçaria voltaram, para Júlio Cesar, como uma corrente solidária


O que tem na mala de um palhaço? Com mais de 20 anos de trajetória na palhaçaria, a bagagem de Júlio Cesar, mais conhecido pelo codinome Mandioca Frita, é rechonchuda. Nariz de palhaço, maquiagem, suspensório, malabares, o enorme sapato, um megafone feito de alumínio para anunciar o espetáculo e convidar a criançada. Contudo, a maleta de Mandioca Frita poderia estar vazia de instrumentos de trabalho, que mesmo assim continuaria carregada de alegria.

Para todos aqueles que cruzaram seu caminho, a arte e o encanto do palhaço Mandioca Frita estão na simplicidade e no afeto. Características que o tornaram grandioso. Um artista do abraço, do acolhimento e do sorriso. Na última semana, os anos dedicados à arte e à cultura surpreenderam o palhaço com uma corrente solidária. Familiares, artistas, amigos e conhecidos se uniram e começaram a compartilhar, nas redes sociais, um pedido de ajuda para o querido Mandioca Frita. Aos 55 anos, Júlio sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ficou com algumas sequelas que o impossibilitam de voltar à rua para trabalhar.

“Virei um discípulo dele. O conheço há 20 anos e há 18 ele integra o Circo Artetude. O que mais me impressiona na postura é que se comporta sempre como o pai de todos. Ele transforma as pessoas em família e faz com que todo mundo guarde um amor tremendo por ele”, comenta Ankomárcio Saúde, o palhaço Chaubraubrau.

Nascido no Rio de Janeiro, Júlio chegou em Brasília, em 1990, e fez da capital federal um palco artístico. A relação nasceu do convívio com a Cia. Carroça de Mamulengos, um grupo brasiliense que viajava pelo país levando a cultura popular de forma lúdica. Acolhido e batizado por Cia., Mandioca Frita percorreu alguns caminhos até aterrissar em Brasília. Aqui, em 1994, abriu a maleta no Parque Ana Lídia, onde usava a linguagem de circo, o teatro de rua e a perna de pau para distribuir arte e alegria nos fins de semana. Foi naquela arquibancada também que Júlio conheceu os integrantes do Circo Artetude.
 
 

Aos 42 anos, Tulio Hostilio lembra a primeira vez que viu uma apresentação do Mandioca Frita. “Ele, com o megafone de alumínio chamando a criançada. A pintura no rosto, a forma de agir. Não tem como esquecer”, descreve. “Hoje, eu sou um palhaço, o Beterraba, porque fui influenciado por ele, porque o vi fazendo uma arte maravilhosa. Aprendi na rua, nos eventos. É um exemplo de palhaço dentro do DF”, conta Hostilio.

Para Ankomárcio, a corrente de mobilização e união que se formou em torno de Júlio provam essa generosidade com que ele abraçou Brasília e cada espectador. “A imagem do palhaço é associada, muitas vezes, a uma série de equívocos, mas eu vejo que a força do palhaço vai muito além. Hoje, no mundo, o que as pessoas mais precisam é de sorriso, de generosidade, de amor, grandes antídotos que são características do meu mestre”, avalia Ankomárcio.
 

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No sábado, o amigo e companheiro de picadeiro esteve com Júlio no hospital, onde o palhaço está internado. “Ele já é o palhaço do hospital. Continua olhando o mundo com olhar de esperança e amor. É uma grande lição de vida que ele dá neste momento. Está construindo pontes por meio do sorriso. A impressão que tenho é que por onde anda o mestre Mandioca Frita está com uma tinta nas mãos para pintar um sorriso no rosto das pessoas. É um curandeiro do nariz vermelho”.

Na capital federal, Júlio fincou raízes não apenas no Parque Ana Lídia, em eventos e festivais como o palhaço Mandioca Frita e levando a arte com o Circo Artetude. Ele fez da cidade um grande picadeiro e formou aqui uma geração de palhaços. Hoje, ao lado dos filhos e netos perpetua, nas mais diversas linguagens, a beleza e a essência da cultura popular, com a Trupe Raiz do Circo. “Sei que ainda vamos rir muito dele. Tem corpo de senhor e uma alma de menino. Em volta dele, com a sua simplicidade, ele reúne pessoas de todo tipo e sendo, naquele momento, só o respeitável público”, afirma Ankomárcio.


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