Diversão e Arte

Familiares e amigos fazem corrente solidária para palhaço Mandioca Frita

Força ao palhaço: os anos dedicados à arte da palhaçaria voltaram, para Júlio Cesar, como uma corrente solidária

Correio Braziliense
postado em 18/03/2020 06:15
Mandioca Frita: uma referência da palhaçaria brasiliense

O que tem na mala de um palhaço? Com mais de 20 anos de trajetória na palhaçaria, a bagagem de Júlio Cesar, mais conhecido pelo codinome Mandioca Frita, é rechonchuda. Nariz de palhaço, maquiagem, suspensório, malabares, o enorme sapato, um megafone feito de alumínio para anunciar o espetáculo e convidar a criançada. Contudo, a maleta de Mandioca Frita poderia estar vazia de instrumentos de trabalho, que mesmo assim continuaria carregada de alegria.

Para todos aqueles que cruzaram seu caminho, a arte e o encanto do palhaço Mandioca Frita estão na simplicidade e no afeto. Características que o tornaram grandioso. Um artista do abraço, do acolhimento e do sorriso. Na última semana, os anos dedicados à arte e à cultura surpreenderam o palhaço com uma corrente solidária. Familiares, artistas, amigos e conhecidos se uniram e começaram a compartilhar, nas redes sociais, um pedido de ajuda para o querido Mandioca Frita. Aos 55 anos, Júlio sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ficou com algumas sequelas que o impossibilitam de voltar à rua para trabalhar.

“Virei um discípulo dele. O conheço há 20 anos e há 18 ele integra o Circo Artetude. O que mais me impressiona na postura é que se comporta sempre como o pai de todos. Ele transforma as pessoas em família e faz com que todo mundo guarde um amor tremendo por ele”, comenta Ankomárcio Saúde, o palhaço Chaubraubrau.

Nascido no Rio de Janeiro, Júlio chegou em Brasília, em 1990, e fez da capital federal um palco artístico. A relação nasceu do convívio com a Cia. Carroça de Mamulengos, um grupo brasiliense que viajava pelo país levando a cultura popular de forma lúdica. Acolhido e batizado por Cia., Mandioca Frita percorreu alguns caminhos até aterrissar em Brasília. Aqui, em 1994, abriu a maleta no Parque Ana Lídia, onde usava a linguagem de circo, o teatro de rua e a perna de pau para distribuir arte e alegria nos fins de semana. Foi naquela arquibancada também que Júlio conheceu os integrantes do Circo Artetude.
 
Circo Artetude, trupe parceira do palhaço, que anima os lugares por onde passava 

Aos 42 anos, Tulio Hostilio lembra a primeira vez que viu uma apresentação do Mandioca Frita. “Ele, com o megafone de alumínio chamando a criançada. A pintura no rosto, a forma de agir. Não tem como esquecer”, descreve. “Hoje, eu sou um palhaço, o Beterraba, porque fui influenciado por ele, porque o vi fazendo uma arte maravilhosa. Aprendi na rua, nos eventos. É um exemplo de palhaço dentro do DF”, conta Hostilio.

Para Ankomárcio, a corrente de mobilização e união que se formou em torno de Júlio provam essa generosidade com que ele abraçou Brasília e cada espectador. “A imagem do palhaço é associada, muitas vezes, a uma série de equívocos, mas eu vejo que a força do palhaço vai muito além. Hoje, no mundo, o que as pessoas mais precisam é de sorriso, de generosidade, de amor, grandes antídotos que são características do meu mestre”, avalia Ankomárcio.
 

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No sábado, o amigo e companheiro de picadeiro esteve com Júlio no hospital, onde o palhaço está internado. “Ele já é o palhaço do hospital. Continua olhando o mundo com olhar de esperança e amor. É uma grande lição de vida que ele dá neste momento. Está construindo pontes por meio do sorriso. A impressão que tenho é que por onde anda o mestre Mandioca Frita está com uma tinta nas mãos para pintar um sorriso no rosto das pessoas. É um curandeiro do nariz vermelho”.

Na capital federal, Júlio fincou raízes não apenas no Parque Ana Lídia, em eventos e festivais como o palhaço Mandioca Frita e levando a arte com o Circo Artetude. Ele fez da cidade um grande picadeiro e formou aqui uma geração de palhaços. Hoje, ao lado dos filhos e netos perpetua, nas mais diversas linguagens, a beleza e a essência da cultura popular, com a Trupe Raiz do Circo. “Sei que ainda vamos rir muito dele. Tem corpo de senhor e uma alma de menino. Em volta dele, com a sua simplicidade, ele reúne pessoas de todo tipo e sendo, naquele momento, só o respeitável público”, afirma Ankomárcio.


Ajude o mestre Mandioca Frita
Banco do Brasil - Ag: 3476-2 - Conta poupança: 31029-8 - Variação: 51 - Davi Maia Macedo (filho) - CPF: 062.686.381-31
 
 
 
 
 
 

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