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Stranger things: Passado de Hopper é tema de segundo livro sobre a saga

'Cidade nas trevas' foi escrito por Adam Christopher, que falou ao Correio da expansão de 'Stranger things'

Correio Braziliense
postado em 03/04/2020 04:34
A história se debruça sobre o passado de Hopper, personagem de David Harbour na série

Desde o ano passado, o enredo da série Stranger things ganhou novas ramificações para além da produção televisiva da Netflix com o lançamento de uma coleção da saga pela Editora Intrínseca. A primeira obra do projeto foi Raízes do mal, escrita por Gwenda Bond, que conta a história da mãe de Eleven (Millie Bobby Brown), Terry Ives (interpretada na série na segunda temporada pela atriz Aimee Mullins), no fim dos anos 1960.

Neste ano, o segundo livro da coleção foi lançado: Cidade nas trevas, escrito pelo neozelandês Adam Christopher. A obra se destrincha no passado de Hopper (David Harbour). Tudo começa quando, em dezembro de 1984, Eleven pede para que o policial, agora também pai adotivo dela, compartilhe detalhes sobre uma caixa que ela encontra na casa. O objeto contém arquivos de um crime ocorrido em Nova York, o caso misterioso foi investigado pelo policial na época em que morou com a mulher e a filha na Big Apple.

O livro, que tem 384 páginas, tem duas linhas temporais: dezembro de 1984, quando ocorre o diálogo entre Hopper e Eleven, em Hawkins, meses após os acontecimentos da segunda temporada da série que se passou no Halloween do mesmo ano; e os meses de maio e julho de 1977 em Nova York, quando Hopper se depara com um crime misterioso que envolve um serial killer. O processo de investigação é o foco da obra, que ainda abre espaço para falar sobre a experiência de Hopper na Guerra do Vietña, tema que também aparece na primeira obra Raízes do mal.

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A obra tem ares de drama policial com pitadas de mistério, uma característica essencial da série da Netflix. Para conseguir esse mix de gêneros e de referências, a narrativa ficou a cargo do escritor Adam Christopher, que, antes de assumir o projeto estava escrevendo sobre outro hit da cultura pop: Star wars. Ele colaborou com a antologia comemorativa de 40 anos da saga, intitulada Star wars: From a certain point of view. “Quando o projeto de Stranger things chegou, o time editorial buscava alguém que pudesse escrever um thiller e uma ficção científica com mistério. Costumo colocar esses tipos de gêneros no meu trabalho, então eles sabiam que eu era a pessoa certa para o trabalho!”, lembra, entusiasmado o autor.

A ideia da história do segundo livro veio dos criadores de Stranger things, os irmãos Duffer, que acompanham todos os projetos da coleção literária. “Eles queriam uma novela sobre o passado de Hopper que se passasse nos anos 1970 em Nova York. O único outro pedido era que ele estivesse investigando um serial killer. Fora isso, fiquei livre para criar minha própria história e personagens. Foi ótimo ter tanta liberdade, porque eu amo o Hopper e sou um grande fã da série. Eu já estava muito interessado em aprender mais sobre o passado dele. Mal sabia eu que escreveria parte disso!”, completa.

Uma das novidades no universo é a parceira de Hopper na polícia e na investigação dos crimes, a detetive Delgado, a única mulher do Departamento de Homicídio em que o futuro xerife trabalha em Nova York. A incorporação da personagem mantém outra característica do seriado: a presença de personagens femininas fortes e empoderadas. Inclusive, durante a narrativa Hopper menciona que Eleven se daria muito bem com Delgado.

“Era importante ter um elenco diversificado — o programa de tevê faz isso bem, e não havia razão para que o livro não o fizesse. Ter Hopper como policial de Nova York em 1977 apresentou muitos desafios, porque era uma época muito ruim para a cidade e, embora não pareça ter sido há muito tempo, a sociedade era muito diferente. A polícia de Nova York era especialmente um ambiente estranho, olhando para trás — eles só permitiram que mulheres detetives se juntassem em 1977, e foi aí que Delgado entrou, a parceira de Hopper. Ela é uma mulher latina forte, então deixá-la na NYPC me permitiu explorar muitas coisas, questões e preconceitos da época. E ela parecia exatamente o tipo de parceira que Hopper se daria bem. Pode ser o final dos anos 1970, mas Hopper é um pouco melhor que seus outros colegas!”, explica.

Stranger things: Cidade nas trevas
De Adam Christopher. Tradução: Stephanie Fernandes. Editora Intrínseca, 384 páginas.
 
 

Entrevista// Adam Christopher

 
O autor Adam Christopher 
 
 

Quais foram as suas inspirações para escrever a história?

Sempre fui fascinado pela história da cidade de Nova York. Eu o usei como cenário para livros anteriores, mas sempre quis escrever uma história baseada no apagão de energia de 1977. Quando o projeto Stranger things chegou e eu trabalhei com a linha do tempo de Hopper, percebi que poderia definir o livro neste período! Então, com o blecaute como um momento chave na história, eu construí o mistério à sua volta. Foi uma verdadeira alegria colocar o máximo de detalhes históricos que pude. A outra parte importante da história foi a história pessoal de Hopper. Sabíamos que era um veterano do Vietnã, e isso era algo que eu queria trazer à tona na história.


Esta é uma história cheia de mistérios, assim como a série. Havia uma preocupação em trazer elementos da série para o livro?

Era muito importante que a história fizesse parte reconhecível do universo de Stranger things — fãs e leitores têm uma certa expectativa e é responsabilidade do escritor garantir que não fiquem desapontados. Um dos problemas de contar uma história com Hopper em 1977 é que ele não encontra o estranho e o sobrenatural até a primeira temporada do programa de tevê — mas sem esse aspecto, o livro não se pareceria com Stranger things.


Você teve contato com as pessoas envolvidas na série? Como foi a interação com eles ao escrever o livro?

Depois de aprovarem o esquema original, os produtores ficaram felizes em me deixar continuar o trabalho. Meu editor e eu trabalhamos com um dos escritores do programa, Paul Dichter, em revisões, apenas para garantir que tudo se encaixasse no programa.



Como era sua relação com a série antes do livro?

Eu já era um grande fã da série, desde o primeiro trailer. Acho que isso ajudou no livro, você não precisa necessariamente ser um fã para trabalhar em uma propriedade, mas com certeza não dói!


Você já colaborou com outro grande fenômeno, que foi Star Wars. Como foi essa experiência?

Star wars é sempre muito divertido, e é uma verdadeira honra poder contribuir para esse universo.


Está trabalhando em algum livro novo?

Tenho algumas coisas em andamento! No momento, estou terminando um romance contemporâneo de ficção científica ambientado em uma pequena cidade no estado de Nova York.

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