Diversão e Arte

Dias antes de morrer, Moraes Moreira publicou poema sobre o coronavírus

Cordel foi publicado no Instagram do cantor, que dizia temer a pandemia de Covid-19, mas também outros males do país, como a violência e o preconceito

Correio Braziliense
postado em 13/04/2020 13:07
Moraes MoreiraDias antes de morrer, o cantor e compositor baiano Moraes Moreira publicou nas redes sociais um cordel em que dizia temer a pandemia de coronavírus e outras mazelas que atingem o país, como a violência, o preconceito e o machismo. 

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Os versos foram publicados em seu perfil no Instagram e começavam assim: "Eu temo o coronavírus / E zelo por minha vida / Mas tenho medo de tiros / Também de bala perdida" (leia abaixo a íntegra do cordel, intitulado Quarentena).

A Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, não está relacionada à morte do autor de Brasil Pandeiro, Lá vem o Brasil descendo a ladeira e tantos outros clássicos da MPB.

Segundo a assessoria de imprensa do artista, Moreira morreu depois de sofrer um infarto agudo do miocárdio, por volta das 6h desta segunda-feira (13/4), em casa, no Rio de Janeiro.


Quarentena (Moraes Moreira)

Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida

Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo

Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito

De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia

Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido

Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta

Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia

As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres

O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo,nem idade”

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