Diversão e Arte

Maurício Meirelles se apresenta em Brasília e fala sobre humor na pandemia

O humorista é a atração do Festival Drive-In com o espetáculo 'A Terra não parou'

Correio Braziliense
postado em 10/07/2020 13:00
O Festival Drive-In movimenta a programação cultural da cidade durante toda a semana. Nesta sexta-feira (10/7), o humorista Maurício Meirelles se apresenta no evento com o espetáculo A Terra não parou. Com sessões às 20h e 22h, o artista prepara um show criado exclusivamente para o período de isolamento social. 

"Falo sobre home office, tarefas domésticas, escola on-line, filhos, academia em casa. Tudo que mudou na sua vida, mudou também na vida, mas analiso de forma cômica, rindo", explica, em entrevista ao Correio.

O comediante realiza o segundo show em um drive-in, visto que se apresentou na estrutura montada no estádio Allianz Parque, em São Paulo, no último domingo (5). "Os primeiros 10 minutos são muito estranhos porque não se ouve nenhuma reação dos carros. Mas, ter minha esposa, a Emily, no palco comigo me deixou mais tranquilo."

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A tecnologia é uma das inovações de Maurício Meirelles para a realização do espetáculo. O humorista interage com o público por meio do WhatsApp e do aplicativo de reuniões Zoom. Em certo ponto do show, o artista até tenta adivinhar o carro em que as pessoas estão e abre para histórias do público.

"O show está cheio de interações e tem o objetivo principal de juntar as pessoas na época que elas mais viveram separadas", pontua.

Na entrevista, Maurício Meirelles falou, ainda, sobre política, o politicamente correto, o poder das redes sociais e deu o panorama do humor no pós-quarentena. 

Entrevista // Maurício Meirelles


Os conteúdos produzidos para a internet tiveram maiores acessos no período da quarentena? Como foi realizado o processo de produção de vídeos?

O processo de produção de vídeos é complicado porque a gente não sabe quanto tempo a quarentena dura e nem em quanto tempo voltaremos a ter teatro para gravar material. O que criei, logo no início, foi o Stand-up em casa, no meu canal do YouTube, onde me apresento para minha família, e fiz também o Traumas, quadro que normalmente gravo em teatro, no estilo brigas de casal. Apenas eu e a minha esposa Emily gravamos e nossos editores trabalhando cada um de sua casa. Os números de visualizações oscilaram no YouTube, Facebook e Twitter. Assim como outros do mercado de stand-up, estamos nos adaptando e mudando sempre. 



O momento político é sempre um prato cheio para o humorista. De que maneira você explora esse assunto?

Hoje, exploro o assunto política com muito cuidado, infelizmente. Adoraria continuar fazendo piadas com todos os políticos e partidos, mas está bem difícil porque as pessoas estão polarizadas, com raiva da opinião diferente da dela e não querem nem ouvir ou refletir sobre uma piada. Continuo com piadas políticas, obviamente, porque acredito que independente de sua ideologia, este é o alvo a ser cobrado. Porém, acho que estamos falando tanto do assunto que sair dele também nos ajuda a aliviar. 

A maneira de se produzir humor mudou muito por conta do politicamente correto. Na sua opinião, esses limites sociais, físicos e raciais são benéficos ou não?

Depende do tipo de artista. No meu caso, o politicamente correto só me fortalece, pois as pessoas vão em busca do meu ofício para ver algo diferente. Não acredito que a sociedade esteja politicamente correta, acredito que parte da sociedade esteja contaminada por ideologias tanto de esquerda quanto de direita. A maior parte da sociedade é mais sensata com os temas. 

Você também tem um grande alcance com as redes sociais. Você é um comunicador? Além de humor, busca transmitir informações ao mesmo tempo?

Sou um tipo de comunicador. Não sou o comunicador informativo, embora eu tenha que entender a minha responsabilidade ao tratar alguns temas. Sou mais um comunicador de entretenimento que busca se comunicar com o público. Seria muita pretensão minha fazer com que um país inteiro me aderisse...


Como você idealiza o fazer humorístico no pós-quarentena? É possível imaginar e fazer um prognóstico desse futuro mercado?

Temas para as piadas só crescem. O que precisamos fazer é se adaptar aos formatos para a comunicação chegar nas pessoas. Todo mundo quer rir, não necessariamente dos mesmos temas. Sai na frente quem entender isso e for autêntico com a sua verdade. 

*Estagiário sob a supervisão de Adriana Izel

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