Agência France-Presse
postado em 06/11/2009 15:01
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, interpretou nesta sexta-feira como um "duro apelo à realidade" os novos indicadores sobre o desemprego no país, que ultrapassaram o teto simbólico dos 10%, afirmando que um bom nível de emprego acarreta, tradicionalmente, a retomada econômica.
"Embora tenhamos perdido menos empregos que no mês passado, nossa taxa de desemprego demonstra os desafios que ainda temos pela frente", disse Obama em discurso pronunciado à tarde na Casa Branca.
Obama defendeu as políticas de seu governo que, segundo afirmou, devolveram o crescimento a uma economia "em queda livre" quando chegou ao poder.
"Prometo que não cessarei de me empenhar até que os americanos que o queiram encontrem trabalho", acrescentou.
O índice de desemprego nos Estados Unidos chegou a 10,2%, comprovando que a batalha pelo emprego do presidente Barack Obama está longe de ser ganha.
Segundo o relatório mensal sobre o emprego do Departamento do Trabalho, divulgado hoje, as empresas continuam a demitir em massa e, embora o ritmo tenha decrescido em outubro, o recuo é menos forte do que esperavam os analistas.
No total, 190.000 postos de trabalho foram perdidos, ou seja 13,3% a menos que no mês precedente, mas num nível bem mais alto que em agosto. Em consequência, a taxa de desemprego subiu bem mais que o previsto, para atingir 10,2%, um percentual jamais visto desde abril de 1983.
Embora os Estados Unidos tenham saído da recessão em agosto, o aumento do desemprego é considerado natural, uma vez que o mercado de emprego reage sempre com atraso à retomada da atividade.
Mas sua amplidão preocupa. Economistas e autoridades temem que tire dos trilhos o crescimento nascente, reduzindo fortemente a propensão de consumo dos lares americanos, uma vez que seus gastos são considerados, normalmente, o motor da economia do país.
O prêmio Nobel de economia, Paul Krugman, por sua vez defendeu nesta sexta-feira no New York Times medidas suplementares de retomada. Para ele, a política econômica de Obama pode conhecer o mesmo destino que os Aliados na Itália em 1943: depressão, falta de reforços e de audácia.