Rosana Hessel
postado em 23/01/2018 13:00
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, iniciou sua agenda em Davos, na Suíça, reforçando o tom otimista do governo. Após encontro com investidores organizado pelo banco Itaú Unibanco, o chefe da equipe econômica do presidente Michel Temer afirmou que o país poderá crescer mais do que 3% neste ano, ao contrário do que prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI), que estima expansão de 1,9%.
;O FMI é sempre mais conservador, como deve ser. Mas, evidentemente, que os analistas brasileiros têm mais informação a respeito e acredito que o crescimento deve estar mais próximo de 3% ou até superar 3%;, disse Meirelles, nesta terça-feira (23/01), após encontro paralelo ao Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), que foi aberto oficialmente hoje e termina no próximo dia 26 no resort suíço.
De acordo com Meirelles, empresários e investidores que participam do Fórum de Davos estão mais interessados no país neste ano do que no ano passado. ;O grupo está bastante interessado no Brasil não só no sentido de contemplar as oportunidades de investimentos, mas também muito entusiasmado e confiante com as mudanças que estão no acontecendo. Muito mais do que no ano passado. A diferença é muito grande;, afirmou ele a jornalistas.
No entanto, o ministro reconheceu que os investidores também estão mais cautelosos, em função das eleições que se aproximam, apesar de ele esperar que o fluxo de investimento estrangeiro direto neste ano chegue perto de US$ 70 bilhões no fim deste ano, ;podendo superar o volume deste ano;. A projeção da Fazenda de Investimento estrangeiro direto para 2017 é de R$ 75 bilhões. Para 2018, a projeção é de R$ 80 bilhões. O BC não fechou ainda os valores de 2017.
;Não há duvida que se olha muito o prazo mais longo. É normal que, num período eleitoral, no momento em que o país já vai entrar num processo importante de discussão eleitoral, é normal que muitos passem em cautela, aguardando o desenrolar dos acontecimentos. Mas o interesse ainda é muito grande e o investimento direto continua muito forte e tende a crescer;, afirmou.
Privatização
Na avaliação de Meirelles, a privatização da Eletrobrás, que teve o projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional recentemente, será um desafio tão grande quanto foi o do sistema Telebrás, na década de 1990. ;Temos um desafio enorme que deve ser a privatização de Eletrobrás será tão importante como foi a da telefonia;, afirmou ele, confiante de que a proposta terá o aval do Legislativo. ;Acho que vai ser aprovado, mas é uma luta grande. Vamos vencer essa batalha;, pontuou.
Ele declarou ainda ser a favor de qualquer privatização, mas reconhece que o momento atual não é para incluir na discussão a Petrobras. ;Por princípio, eu sou a favor da privatização. Tenho expressado essa posição já há muitos anos. Evidentemente. que tudo isso tem que ser feito paulatinamente;, afirmou.
Em relação ao rebaixamento do país novamente pela agência de classificação de risco norte-americana Standard & Poor;s (S&P), Meirelles reconheceu que o ritmo lento da reforma da Previdência foi o principal motivo. ;A questão da agência deve ser valorizada e levada a sério. Mas mede uma coisa pontual que é a questão da evolução fiscal. Principalmente, a preocupação da data da aprovação da reforma da Previdência. Mas estamos trabalhando duro (para que a proposta seja aprovada);, disse ele, acrescentando que o fato de a S sinalizar que poderá revisar o rating se a reforma for aprovada, o país conseguir crescer em ritmo sustentável e o resultado das eleições for favorável à continuidade das reformas. ;O fato de agência não ter feito o downgrade logo após o adiamento da votação e já colocou as condições para o upgrade é normal;, disse.