Economia

Inflação deve subir sem reformas na área econômica, diz Copom em ata

Ata da reunião da última semana decidiu manter a taxa Selic em 6,5% ao ano

Hamilton Ferrari
postado em 06/11/2018 09:13
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), divulgou a ata da reunião da última semana que decidiu manter a taxa Selic em 6,5% ao ano. A definição dos juros tem foco no cumprimento das metas de inflação, que é de 4,5% em 2018, e 4,25% em 2019.

De acordo com o Comitê, como a inflação se encontra em ;níveis apropriados;, não há necessidade para elevação da taxa neste momento. O texto informa que os indicadores recentes da atividade econômica continuam evidenciando recuperação da economia brasileira, mas ;em ritmo mais gradual que o vislumbrado no início do ano;.

A atividade econômica fraca reflete em ociosidade dos fatores de produção, o que prejudica os resultados da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego. O nível de recuperação lenta pode, porém, limitar os efeitos de pressões inflacionárias, já que o consumo ainda não está em pleno vapor.

O Banco Central (BC) também alertou que a frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode ;afetar prêmios de risco; e elevar a trajetória de inflação no ;horizonte relevante para a política monetária;.

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), durante sua campanha e nas entrevistas pós-segundo turno, destacou que é necessária a reforma da Previdência e defendeu que seria um ;grande passo; aprovar a idade mínima da aposentadoria em 2018. Mesmo com a votação favorável, o Congresso Nacional teria que analisar mais temas envolvendo as regras previdenciárias no próximo ano.

;O Copom reitera que a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural (que gira em torno de 8% ao ano, segundo analistas). Esse estímulo começará a ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora;, apontou o documento.

Na avaliação do Copom, os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Cenário externo

Segundo a ata, o cenário externo permanece ;desafiador;. Com a alta de juros de países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos, os países emergentes perdem atratividade para investimentos ; incluindo o Brasil. Neste caso, há a chamada ;aversão ao risco; para aplicação de recursos.

;No que tange à conjuntura internacional, os membros do Comitê ponderaram que o cenário se mantém desafiador para economias emergentes. Avaliaram que, desde sua reunião anterior, o apetite ao risco em relação a ativos dessas economias apresentou estabilidade ; em contraste com a tendência de piora observada nos meses anteriores. Entretanto, a avaliação consensual foi de que essa estabilização se deu em níveis aquém dos vigentes no início do ano, o que implica prêmios de risco mais elevados;, ressaltou o Banco Central.

Também há incertezas ao cenário global, que está passando por um momento de guerra comercial entre Estados Unidos e China. As sanções tarifárias atrapalham o aquecimento da economia global, tanto é que a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial está pior do que o esperado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

;Os membros do Copom mencionaram também os riscos associados à continuidade da expansão do comércio internacional, ;com possíveis impactos sobre o crescimento global e sobre a economia chinesa, em particular;, disse o Copom.

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