Gabriela Vinhal
postado em 27/03/2019 16:38
O ministro da Economia, Paulo Guedes, classificou como uma vitória dos parlamentares contra o Executivo a aprovação pela Câmara dos Deputados da PEC do Orçamento, que obriga a União a cumprir todos os investimentos previstos no Orçamento. O ministro confessou que ficou surpreso com o resultado da votação, em tempo recorde, na noite de terça-feira (26/3).
"Tomei um susto. Foi uma demonstração de poder de uma Casa", resumiu Guedes aos senadores durante a audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta quarta-feira (27/3). "Para mim, é muito claro que houve uma exibição de poder político", afirmou ele, reconhecendo que a medida deverá gerar mais custos aos cofres públicos, o que é "um mau sinal". Contudo, ele voltou a defender a descentralização dos recursos para estados e municípios.
O ministro afirmou ainda que há dois entendimentos em torno do projeto. O carimbo de imposição não agrada o economista. Entretanto, acredita que os deputados eleitos devem tomar conta da verba destinada aos estados brasileiros. "Ninguém mais legítimo para gastar o dinheiro de um estado que um deputado eleito", afirmou. Ao ser perguntado por que, em sua opinião, o resultado foi aquele, brincou: "Só vocês entendem essas coisas mais complexas. Eu tô chegando agora".
Ausência
Ao justificar sua ausência na audiência da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC), da Câmara dos Deputados, na terça-feira, Guedes disse que não foi porque tomou outro susto ao saber que nem mesmo os parlamentares da base estavam propensos a apoiá-lo na audiência da comissão. Ele admitiu que o clima era "assustador". "Tomei um susto também. Porque o aviso que eu tinha é que eu fui convidado para um lugar onde não tinha relator. Não estou entendendo mais nada. É evidente, que para mim, politicamente, tínhamos os votos de todos do PSL com o fechamento de questão (para aprovar a reforma)", afirmou.
Uma nova audiência com o ministro na CCJC foi marcado para na próxima quarta-feira (3/4). Ao defender novamente a reforma, ele voltou a defender a manutenção da economia de R$ 1 trilhão em 10 anos prevista na proposta do Executivo enviada ao Congresso. "É preciso ter responsabilidade e aprovar a proposta em linha de R$ 1 trilhão, senão estaremos condenando as próximas gerações", frisou.
Mais cedo, Guedes disse não ter apego ao cargo e que, embora não tenha intenção de sair do governo caso sofra uma derrota na Previdência, pode sair se perceber que o governo federal e o Legislativo não estão comprometidos com a agenda que considera essencial para o país.
OCDE e OMC
Em resposta ao questionamento do senador José Serra (PSDB-SP) sobre a adesão à Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), mesmo com a condição de o país abrir mão do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), Guedes considerou a medida positiva. "A OCDE é vantajosa para a nossa autodisciplina, principalmente, fiscal. (A entrada do Brasil) é um sinal de entrar na primeira divisão", disse.