Economia

Valor da saúde deve ser mensurado pelos resultados dos pacientes

Para Lenise Barcellos de Mello Secchin, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), não é o volume de trabalho, mas a qualidade, que aponta eficácia do sistema

Simone Kafruni
postado em 25/09/2019 11:50
Lenise Barcellos de Mello Secchin: ''Vivemos num sistema de tratar a doença e não de melhorar a saúde''O Brasil tem um volume enorme de atendimentos em saúde, mas não é quantidade, mas a qualidade dos resultados dos pacientes que confere valor ao sistema de saúde, na opinião de Lenise Barcellos de Mello Secchin, chefe de gabinete da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Segundo ela, que participa, nesta quarta-feira (25/9) do Correio Debate Saúde Suplementar: consumo e sustentabilidade, o Brasil precisa avançar na produção de indicadores para avaliar a qualidade do sistema de saúde.

"Precisamos mudar uma cultura nacional. O Brasil não tem foco em indicadores e temos de medir, de avaliar, e ter dados reais para que se possa fazer políticas públicas;, disse. A representante da ANS destacou que o país precisa avançar muito. ;A sociedade saiu do perfil epidemiológico, de doenças infectocontagiosas, para um perfil de doenças crônicas. No Brasil, no entanto, acumulamos os dois, porque temos uma sociedade bastante diversa em organização social;, alertou.

Lenise considerou muito interessantes as propostas do ministro interino da Saúde, João Gabbardo, que palestrou antes dela no evento, de ações conjuntas entre operadoras de planos de saúde e o sistema público. ;A saúde é uma só. Por um questão de organização, separamos em pública e privada, mas elas coexistem. Temos, sim, que melhorar a integração das duas, porque hoje o custo é muito alto e recai no bolso de todos nós;, assinalou.

Ações de prevenção também foram destacadas por Lenise. ;A saúde é nossa. Infelizmente, vivemos num sistema de tratar a doença e não de melhorar a saúde. Precisamos diminuir a cronificação e deterioração da saúde, e só a prevenção tem como minimizar isso;, destacou. A participação do beneficiário de planos, nesse caso, é fundamental, conforme ela. ;Precisamos do diálogo com a sociedade, para saber quais são as premissas e reclamações;, declarou.

Alto custo


Sobre o alto preço dos planos de saúde, Lenise reconheceu que o custo é alto. ;A manutenção e o atendimento são caros. É um conjunto de fatores que torna os planos caros. Não existe bala de prata para resolver este problema;, indicou.

Segundo ela, para reduzir custos, serão necessários mudar o modelo de pagamento, ampliar o autocuidado e buscar inovações dos atendimentos no Brasil e no mundo. ;Eu conclamo a sociedade para buscar alternativas sustentáveis. Não podemos fazer resoluções a toda hora. A riqueza do debate, da interação com a sociedade, é que vai nos possibilitar buscar alternativas e ações que vão resultar na queda de preços para todos.;

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