Economia

PIB do 2º trimestre será ainda pior, alerta Ministério da Economia

Em nota técnica, a pasta disse que o novo coronavírus acabou com o ciclo de recuperação da economia brasileira

Correio Braziliense
postado em 29/05/2020 12:42

Ministério da EconomiaA queda de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre deste ano superou as projeções do Ministério da Economia. Esse baque, contudo, levou a equipe econômica a reconhecer que o novo coronavírus acabou com o ciclo de recuperação da economia brasileira e ainda deve gerar mais estragos. A pasta já avisou até que a retração do PIB será maior no segundo trimestre.

 

Nota informativa divulgada, nesta sexta-feira (29/5), pela Secretaria de Política Econômica (SPE), logo depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou o desempenho da economia brasileira nos três primeiros meses deste ano, lembra que o governo projetava uma retração de 1,3% do PIB no primeiro trimestre. Isso porque, segundo a pasta, a economia brasileira estava aquecendo antes de ser atingida pela covid-19.

 

"No início do ano de 2020 a economia apresentava sinais de retomada econômica. Após dados fracos de atividade no último trimestre de 2019, os meses de janeiro e fevereiro foram marcados por bons resultados nos indicadores de arrecadação, mercado de trabalho e atividade. [...] Entretanto, a partir da segunda quinzena de março, a pandemia do novo coronavírus e as consequentes medidas sanitárias de combate acabaram por interromper a retomada, levando a uma queda brusca e acentuada da atividade no final do primeiro trimestre", alega a nota da SPE.

 

O próprio ministro Paulo Guedes já avisou que vai desagregar os dados apresentados nesta sexta-feira pelo IBGE para confirmar se o Brasil estava de fato "decolando" ou se já estava em um estado "meio anêmico" antes da pandemia. Porém, tanto Guedes, quanto a equipe econômica já admitiram que o baque econômico do novo coronavírus ainda vai crescer.

Isso porque essa queda de 1,5% do PIB considera apenas os 15 primeiros dias do isolamento social no Brasil e a SPE calcula que cada semana de quarentena custa cerca de R$ 20 bilhões para o país. A pasta reconheceu, então, ser "provável ainda uma retração significativamente maior no próximo trimestre".

 

"O resultado negativo da atividade econômica no primeiro trimestre, embora esperado, lamentavelmente coloca fim a recuperação econômica em curso desde o começo de 2017. Os impactos iniciais da pandemia na economia a partir de março deste ano reverteram os bons indicadores de emprego, arrecadação e atividade do primeiro bimestre, levando a variação do PIB para o terreno negativo. Os efeitos danosos sobre a saúde da população brasileira e da nossa economia ainda persistem. Dessa forma, o resultado econômico da atividade no segundo trimestre será ainda pior", afirma a nota técnica sa SPE.

 

Paralisação das atividades 

A Secretaria de Política Econômica ainda afirmou que a "paralisação das atividades produtivas e comerciais em decorrência da nova pandemia impôs custos econômicos significativos tanto no curto, quanto no longo prazo". E disse que as consequências dessa crise serão "nefastas para a população, com aumento do desemprego, da falência das empresas e da pobreza".

 

Por isso, pediu que o Brasil mantenha a agenda fiscal, preservando o teto de gastos neste e nos próximos anos. E também volte a priorizar as reformas econômicas, a modernização dos marcos regulatórios e a agenda de concessões e privatizações no pós-pandemia. Ou seja, foque na agenda de mercado que, segundo o governo, pode melhorar o ambiente de negócios e atrair investimentos privados para o Brasil.

 

"Para combater e amenizar o sofrimento dos brasileiros é necessário que as reformas estruturais continuem através de uma legislação mais moderna de emprego, com o fortalecimento das políticas sociais (com transferência de recursos de programas sociais ineficientes para os mais eficientes e de comprovado efeito no combate à pobreza), com o aprimoramento da legislação de falências e a modernização e desburocratização do mercado de crédito, de capitais e de garantias", defendeu a SPE.

 

Veja os pontos listados como prioritários pela Secretaria de Política Econômica na agenda pós-pandemia:

 

"1) Fortalecer o arcabouço de proteção social transferindo recursos de programas ineficientes para programas sociais de comprovada eficiência no combate à pobreza;

2) Melhorar a eficiência das políticas de emprego;

3) Aprimorar a legislação de falências;

4) Fortalecer e desburocratizar o mercado de crédito, de capitais e de garantias;

5) Aprovar o novo marco regulatório do setor de saneamento básico;

6) Aprovar o novo marco regulatório do setor de gás;

7) Abertura comercial;

8) Privatizações e concessões;

9) Reforma tributária;

10) Toda agenda de reformas pró-mercado [...] tais como a desburocratização, facilidade para abrir empresas e empreender, facilidade de adoção de novas tecnologias, etc.."

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