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Alunos participam de festival que incentiva presença de mulheres na ciência

Nesta quarta (18/8), haverá um debate na UnB sobre o tema gratuito

Alan Rios
postado em 18/09/2019 06:00

No primeiro dia de atividades, estudantes de 13 a 15 anos construíram robôs com canudos e os colocaram para dançar no Planetário de BrasíliaBrasília recebe nesta semana o Festival Tekla, com debates sobre a presença feminina na ciência, engenharia e matemática. A programação começou nesta terça-feira (17/9), no Planetário, e termina nesta quarta (18/9). O evento, organizado pela Embaixada da Suécia em parceria com o Governo do Distrito Federal, reúne jovens brasileiras de destaque na área.


Uma delas é a gaúcha Juliana Estradioto, 19 anos, a primeira jovem brasileira da história a ser selecionada para acompanhar uma cerimônia do Prêmio Nobel. ;Conversei com as meninas de Brasília e me emocionei, porque estamos rompendo com o estereótipo de que cientistas são aqueles homens de cabelo branco no fundo dos laboratórios. As garotas estão percebendo que esse universo é muito mais encantador e que elas podem fazer parte disso sendo elas mesmas;, disse.

Juliana é fundadora do projeto Meninas Cientistas, que incentiva as jovens a entrarem no mundo das pesquisas exatas, e foi uma das atrações da primeira etapa do evento, o Workshop Tekla. Nele, 30 alunas da rede pública de ensino do DF, de 13 a 15 anos de idade, tiveram aulas para construir um robô.

A jovem serviu de inspiração para as meninas por tudo que conquistou na área da inovação. Mesmo com pouca idade, o currículo impressiona. Com mais de 10 prêmios científicos nacionais e internacionais, ela foi a primeira brasileira a alcançar o primeiro lugar em uma das categorias da maior feira de ciências pré-universitária do mundo, a Intel International Science and Engineering Fair, após disputa com 1,8 mil alunos de 80 países.

;Desenvolvi um projeto para apresentar lá sobre como a casca de noz poderia substituir plástico e curativos. Recebi como prêmio ter um asteroide com meu nome. Foi muito legal para mim, mas importante também para mostrarmos que nosso país faz ciência de qualidade e que as jovens brasileiras têm muito potencial.;

Com esse exemplo, ficou até mais fácil para as alunas da capital conduzirem o projeto proposto pelo workshop. É o que acredita Maria Luíza Pessoa, 14, estudante do nono ano do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 15, do Gama. ;Tivemos um bate-papo com mulheres como a Juliana, que têm experiências em áreas de engenharia e ciência, e isso deixou todo mundo muito animado. Então, fizemos um robô usando canudos, com ajuda delas;, contou.

Ao fim do primeiro dia, as garotas juntaram seus robôs em um espaço do Planetário e colocaram os equipamentos para funcionar, programando movimentos de dança. Maria Clara Oliveira, 14, até passou a pensar melhor na graduação que pretende fazer. ;Raramente as pessoas conhecem as possibilidades das áreas da programação. Agora que aprendi, vi que dou conta e fiquei tentada a fazer um curso mais científico, porque é uma sensação muito boa ver o trabalho funcionando;, justificou a aluna do CEF 15.

Com prêmios no currículo, Juliana Estradioto inspirou as brasilienses

Debate na UnB

Nesta quarta, ocorre ainda o Diálogo Tekla, sobre maneiras de capacitar meninas e mulheres para ampliar as oportunidades na indústria de tecnologia. O debate será no auditório do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB), no câmpus Darcy Ribeiro, das 14h às 18h.

O evento é gratuito, e as inscrições são feitas pelo site http://bit.ly/DialogoTekla. Entre as presenças confirmadas está a da sueca Heidi Harman, fundadora da mais antiga rede de tecnologia feminina na Suécia, o GeekGirl Meetup.

Para ela, investir na participação das mulheres na ciência é uma ação que gera frutos em diversos campos. ;Esse tipo de evento é importante porque a gente consegue demonstrar que todo mundo pode ter uma carreira na área da inovação e da tecnologia. Quanto mais diversidade temos, mais forte fica a economia de um país, que só tem a ganhar com isso;, ressaltou.

Maria Clara faz parte do projeto de extensão Meninas.comp

Projeto de extensão

A luta pela igualdade continua nas escolas públicas da capital, pois um projeto de extensão da UnB leva aulas de robótica, programação, desenvolvimento de aplicativos e outras ferramentas exclusivamente para alunas.


O Meninas.comp tem oito escolas parceiras no Distrito Federal, com diferentes professores. Um deles é Marcos Caldeira, do Centro Educacional Vargem Bonita, que ressalta: ;Trabalhamos com meninas do ensino fundamental para que elas considerem as áreas das exatas como profissão. Quando começamos a incentivar nessa idade, elas percebem que têm muitos caminhos para seguir e não devem se limitar a nada;.

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