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Internet reage à declaração de Bolsonaro sobre Paulo Freire

Ao defender o despejo da TV Escola do prédio do MEC, presidente chamou o educador de "energúmeno". Autoridades criticam a fala

Eu, Estudante
postado em 16/12/2019 17:03
As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre Paulo Freire tem gerado repercussão na internet. Ao comentar decisão do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, em despejar a TV Escola das dependências da pasta e encerrar o contrato com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), Bolsonaro chamou o educador de ;energúmeno; e ;ídolo da esquerda;. Na ocasião, o presidente defendeu a ação de Weintraub. ;Conhecem a programação? Deseduca. Por que a educação do Brasil tá assim, lá embaixo? Têm pessoas comentando que vai acabar com a cultura, esse tipo de cultura vai acabar;.
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Nas redes sociais, parlamentares a favor e pró Bolsonaro reagiram à declaração:

Marcelo Freixo (PSOL):

Paulo Teixeira (PT):

Caroline de Toni (PSL):

Jandira Feghali (PCdoB):



Filipe Barros (PSL):
Pedro Uczai (PT):

Famosos e a editora Record defenderam o educador

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Internautas ironizaram a fala do presidente.

Ataque

O ex-ministro da educação Aloizio Mercadante encaminhou nota em resposta ao que considerou um ataque de Bolsonaro ao educador Paulo Freire. Confira a íntegra:

;Depois de ser condenado por comitê das Organizações das Nações Unidas (ONU) por violar tratados internacionais sobre tortura, Bolsonaro volta a vilipendiar a memória e a obra de Paulo Freire, um intelectual brilhante, que dedicou sua vida à educação. Bolsonaro agrediu um brasileiro que é referência mundial no processo de alfabetização de jovens e adultos a partir da construção da pedagogia libertadora.

Essa é mais uma grosseria inaceitável, que não condiz com o decoro do cargo de presidente. Como habitual, é mais uma tentativa de Bolsonaro de mudar a pauta em razão de mais um vexame internacional, que seu governo submete o país.

É simbólico que Bolsonaro ataque Paulo Freire exatamente no dia em que essa condenação na ONU se torna pública. Afinal, Paulo Freire foi perseguido pela ditadura militar, que exilou, torturou, censurou e amordaçou a democracia brasileira. Já Bolsonaro flerta cotidianamente com o autoritarismo, com a intolerância e com o ataque ao estado de direito e todos os valores civilizatórios que ele representa.

Paulo Freire já entrou para a história. É o autor brasileiro mais citado internacionalmente em trabalhos acadêmicos das ciências humanas e o segundo brasileiro mais agraciado com títulos de doutor honoris causa. Paulo Freire está eternizado na obra Efter Badet, junto com outras seis personalidades consideradas mundialmente relevantes na década de 70. Há, em muitos países do mundo, diversos centros que homenageiam Paulo Freire. Na Finlândia, há um centro, dedicado a "discutir seu legado para tornar o mundo mais igual e justo para todos", que leva o nome do educador.

Sobre Bolsonaro, o que temos é percepção generalizada de que está em curso uma tragédia na democracia, nos direitos humanos e, especialmente, na educação brasileira. O que acontece é que, com Bolsonaro, o Ministério da Educação passou a ocupar os noticiários pela divulgação de notícias falsas, pelo ataque à educação pública e universal e pelos graves retrocessos obscurantistas.

Aloizio Mercadante, ex-ministro da Educação.;

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