Ensino_EducacaoProfissional

Projeto reforça a cultura popular como atividade de educação integral

A iniciativa, vencedora do Prêmio Itaú-Unicef, ocorre em Major Sales, pequeno município do sertão potiguar, onde mestres, sanfoneiros, violeiros e cordelistas são convidados para passar esse conhecimento tradicional para crianças e adolescentes

Ana Paula Lisboa
postado em 13/12/2017 11:43
O projeto Circulando a cultura na escola, que venceu o Prêmio Itaú-Unicef na categoria micro porte, tem como foco propiciar desenvolvimento infantil por meio da cultura popular. A cidade do Rio Grande do Norte em que a ação é executada, Major Sales, fica no sertão e é pequena: tem cerca de 4,8 mil habitantes e apenas três escolas municipais, duas na cidade e uma na zona rural. A iniciativa foi inscrita no concurso pelo trabalho feito com cerca de 600 alunos da Escola Municipal Antônio José da Rocha, que começou em 2010.
No entanto, o trabalho da ONG responsável, a Associação Comunitária Sociocultural Major Sales, começou antes, em 2006. A partir da iniciativa, violeiros, sanfoneiros, cordelistas, contadores de história e outros mestres de cultura da comunidade partilham o que sabem com os alunos. A presidente da instituição, Maria Carlos, conta que ganhar a honraria da Fundação Itaú Social e do Unicef foi uma surpresa, mas tinha certeza da efetividade e do mérito da iniciativa. "Eu sabia que o projeto preenchia as condicionalidades do edital e que seríamos, realmente, fortes concorrentes", revela.
Orquestra Sanfônica Mirim é fruto do projeto
A organização atende crianças e adolescentes em pontos de cultura; oferece oficinas de sanfona e inferências feitas por mestres de cultura nos colégios. "A cultura dos caboclos que existe lá é milenar. Também existe a cultura do rei do Congo que vem passando de geração em geração", afirma. "No período do contraturno, em que as crianças poderiam estar na rua, os alunos vêm e fazem até os deveres da escola, desenvolvem projetos culturais, produzem textos (que já viraram dois livros), frequentam cineclubes, tem atividades, oficinas de toque de sanfona", relata.
Jovens atendidos pelo projeto passaram a ter onde ficar e não gastam mais o contraturno nas ruasMaria Carlos, presidente da ONG responsável pelo projeto
A partir daí, surgiu a Orquestra Sanfônica Mirim da cidade ; com alunos tocando sanfonas. Os efeitos do trabalho são nítidos, não apenas no aspecto educativo. "Isso tem elevado muito a autoestima dessas crianças. Uma delas até disse que antes elas eram inibidas, não tinham coragem de falar e, hoje, se expressam e se sentem mais gente, se sentem parte; são protagonistas dessas ações. E esse protagonismo passa para a vivência na escola também", observa.

*A jornalista viajou a convite da Fundação Itaú Social

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação