Trabalho e Formacao

Irmãs pedem emprego na W3 Norte

As jovens moram em Planaltina (DF) e são graduadas em enfermagem e engenharia civil

Ana Isabel Mansur*
postado em 14/08/2019 17:14
As irmãs Gleiciane Vila Nova, 24 anos, e Íris da Silva, 22, estenderam uma faixa, na manhã desta quarta-feira (14/8), próximo ao Brasília Shopping, na W3 Norte, pedindo oportunidades para ingressar no mercado de trabalho. Gleiciane formou-se em enfermagem, pelo Centro Universitário UDF, em 2017, por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), e Íris concluiu o curso de engenharia civil no primeiro semestre deste ano, pelo Centro Universitário UniEuro, com o Programa Universidade para Todos (Prouni). As jovens são de Planaltina (DF).
Gleiciane (E) e Íris (D) estenderam faixa na W3 Norte pedindo oportunidades para ingressar no mercado de trabalho
Gleiciane conta que a ideia da faixa não se restringe a elas. ;É também por milhões de pessoas que estão desempregadas e por outras centenas que se formam todos os semestres e não têm oportunidade de trabalho;, explica a moradora de Planaltina. As jovens acreditam que falta abertura para quem concluiu os estudos e ainda não têm experiências profissionais, embora ambas já tenham trabalhado. Gleiciane trabalhou como auxiliar administrativa por dez meses nas Óticas Diniz, mas pediu demissão, em 2015, para concluir a graduação. ;Tive que sair por conta de aulas práticas e estágios supervisionados, mas vendia bombons, brincos e roupas na faculdade;, conta.

;O mercado quer experiência, mas não dá oportunidades. Como eu vou ter experiência se eu não consigo ingressar (no mercado de trabalho)?;, questiona Íris. ;Trabalhei e fiz estágios durante toda a minha graduação, mesmo sendo bolsista. Porque fazer uma faculdade custa caro;, continua a recém-graduada. Ela foi auxiliar administrativa por três anos na Construtora Hagir, hoje fechada, e trabalhou, sem vínculos celetistas, em uma construtora cuja sede é em Goiânia, por dois anos, e estagiou, por quatro meses, na Ferreiralves Engenharia. ;Com o término do curso, estou vendo que encontrar um trabalho é um desafio maior que a graduação. Eu preciso de uma oportunidade mesmo;, observa a moradora de Planaltina.
Gleiciane Vila Nova formou-se em enfermagem, pelo Centro Universitário UDF, em 2017
Gleiciane e Íris moram com o padrasto, a mãe e um irmão de 10 anos em Planaltina. Em casa, apenas o padrasto, que é monitor na Viação Piracicabana, está empregado. ;Quando eu fazia vendas na faculdade, não consegui reinvestir o dinheiro em novas mercadorias, porque precisei ajudar em casa;, conta a enfermeira. Íris também se divide para cuidar da avó, que mora sozinha no Gama.

As jovens querem levar o pedido por uma oportunidade no mercado de trabalho para o presidente Jair Bolsonaro (PSL). ;Fomos hoje cedo, mas ele está em viagem. Mas vamos de novo hoje, no fim da tarde. Queremos que ele veja que não está fácil;, comenta a engenheira. Bolsonaro embarcou, pela manhã, para Parnaíba (PI), onde participou de cerimônia de um projeto de irrigação e, segundo a agenda do Palácio do Planalto, retornou a Brasília no início desta tarde.
Íris da Silva é engenheira civil pelo Centro Universitário Unieuro
Graças à faixa estendida, as irmãs conseguiram entrevista, na tarde desta quarta-feira, na Ford. ;A empresa nos ligou e chamou nós duas para uma entrevista. Muitas pessoas têm ligado e dado apoio. Pelo menos temos uma motivação a mais;, pondera Íris. Gleiciane também foi chamada por uma cooperativa, no Alameda Shopping, que não informou o nome. ;É triste estar desempregado, participar de um processo seletivo com a esperança de conseguir um emprego e, no final, ver somente quem tem experiência ser contratado;, conclui a jovem.

Gleiciane e Íris planejam continuar pedindo oportunidades de emprego com a faixa estendida. Vamos ficar na W3 todos os dias, pela manhã. De tarde, o plano é ficar no Setor Comercial Sul;, conta Íris. ;Eu não vou parar, vou lutar pelo meu sonho até o último instante;, conclui Gleiciane.

Desemprego cresceu no último trimestre

Em maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a população brasileira desocupada atingiu 13,2 milhões de pessoas no trimestre encerrado em abril, o que representa uma alta de 4,4% em comparação com os três meses anteriores (novembro, dezembro e janeiro). Além disso, a subutilização atinge 28,4 milhões de pessoas, o recorde da série histórica, iniciada em 2012.

A subutilização é a soma do número de desocupados com subocupados (aqueles que trabalham menos de 40 horas por semana e gostariam de trabalhar mais) e a força de trabalho potencial, que é formada por pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuram por desalento ou procuram, mas não estavam disponíveis para trabalhar no momento da pesquisa.
*Estagiária sob a supervisão da editora Ana Sá.

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