Isa Stacciarini
postado em 14/06/2019 14:06
Outra fake news envolvendo o Caso Rhuan Maycon, 9 anos, esquartejado pela mãe, Rosana Auri da Silva Cândido, 27, e pela companheira dela, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno, 28, circula na internet. Desta vez, o mesmo portal que, na semana passada, divulgou a falsa informação de que as acusadas haviam sido espancadas dentro do presídio feminino ; informação desmentida pelo Holofote ;, agora publicou que "Comitê de Direitos Humanos do Brasil expediu uma ordem determinando a soltura imediata das duas mulheres".A "reportagem", no entanto, não tem assinatura e apresenta pelo menos dois erros. Somente a Justiça tem poder de decisão para prender ou soltar alguém detido em um presídio. Além disso, não existe nenhum Comitê de Direitos Humanos do Brasil.
No título da falsa matéria consta que "o Comitê de Direitos Humanos manda soltar lésbicas que esquartejaram o menino Rhuan, de nove anos". Ao longo do texto, a narrativa vai além: "Os responsáveis pela ordem de soltura alegam que manter as mulheres encarceradas antes de qualquer julgamento é ineficaz, já que as duas são rés primarias (sic) e não apresentam qualquer risco à sociedade, podendo responder o processo em liberdade."
Contudo, Rosana e Kacyla estão presas preventivamente, à espera de julgamento. Na audiência de custódia que converteu o flagrante em prisão preventiva, um dia depois de Rosana e Kacyla terem sido levadas para a cadeia, a juíza Simone Garcia Pena considerou o caso como de "especial gravidade", pois o crime foi praticado contra uma criança e pela própria mãe.
A fake news acrescenta que o tal Comitê de Direitos Humanos do Brasil teria alegado risco de vida das duas acusadas, "que, se continuarem detidas com outras criminosas, podem sofrer retaliações, situação muito comum em penitenciárias brasileiras."
Apuração do Holofote mostra que, no Brasil, só existe o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). O núcleo de checagem de fatos do Correio Braziliense entrou em contato com o órgão, e a ONU explicou que há um Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça, onde também funciona um comitê com atuação na mesma área.
A reportagem acionou, ainda, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara dos Deputados, mas a assessoria de Comunicação da Casa garantiu que não houve nenhuma recomendação de soltura das acusadas. O Hofolote procurou, ainda, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e a pasta informou que o comitê citado na matéria não integra, de nenhuma forma, o órgão.
O crime
Além de homicídio qualificado, as acusadas responderão por mais quatro crimes cometidos antes e depois da morte do menino. Somada, a pena pode chegar a 57 anos de prisão. Elas estão presas desde 1; de junho.