Agência France-Presse
postado em 20/09/2013 10:10
Beirute - A coalizão da oposição síria acusou nesta sexta-feira (20/9) um grupo de jihadistas próximo à Al-Qaeda de privilegiar seu projeto de instaurar um Estado islamita, acima da luta contra o regime de Bashar Al-Assad. A acusação é feita dois dias após os islamitas conquistarem uma localidade ao norte do país, Azaz, fronteiriça com a Turquia. Esta cidade caiu nas mãos do Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL), mas o fato significativo é que até então não estava controlada pelo regime, mas pelo Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes).Até agora, o ESL, braço armado da Coalizão Nacional Síria, havia coabitado mais ou menos com o EIIL e com outro grupo jihadista, a Frente al-Nusra, também vinculada à Al-Qaeda. A coalizão da oposição "condenou as agressões do EIIL contra as forças da revolução (...) e seu desprezo pela vida dos sírios". É a primeira vez que esta coalizão, que reúne uma ampla gama de tendências, se eleva com tanta firmeza contra um grupo jihadista.
A coalizão denunciou que o EIIL "serve interesses externos e convoca a instauração de um Estado (islâmico) no Estado sírio, violando a soberania nacional" síria. Também o acusa de ter "renunciado a combater o regime em diferentes zonas, e a tentar reforçar seu controle nas zonas libertadas".
[SAIBAMAIS]A coalizão também ressalta suas divergências com a ideologia do EIIL ao destacar que "o povo sírio é propenso à moderação e ao respeito das religiões e do pluralismo político, e rejeita o pensamento extremista e a exclusão, que se traduzem em atos criminosos contra muçulmanos e não muçulmanos".
Embora em Azaz o ESL e o EIIL tenham acertado uma trégua, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), o problema subjacente continua presente. A entrada dos combatentes do EIIL provocou a ira de vários moradores da localidade, que viram como o grupo impunha a sharia (lei islâmica) e atacava civis. No entanto, alguns nesta cidade não ocultaram seu apoio aos jihadistas.
O regime de Damasco não para de afirmar que a rebelião está dominada de forma quase total por jihadistas próximos à Al-Qaeda. Do outro lado, o chefe da coalizão opositora, Ahmad Jarba, favorável a uma intervenção armada contra a Síria, disse que esta ação militar externa permitiria lutar contra estes grupos islamitas. Neste contexto, os Estados Unidos convocaram na quinta-feira o Conselho de Segurança da ONU a votar na próxima semana uma resolução sobre a Síria, enquanto o Irã se ofereceu para mediar o conflito.
Um relatório definitivo da ONU constatou que o regime sírio utilizou armas químicas durante um ataque em agosto, disse o secretário americano de Estado, John Kerry. "O Conselho de Segurança deve se preparar para agir na próxima semana. É vital para a comunidade internacional ficar de pé e falar alto", acrescentou.