Agência France-Presse
postado em 15/03/2015 12:31
O grupo Estado Islâmico (EI) reuniu 23 reféns de onze nacionalidades diferentes, dos quais sete foram mortos, em uma prisão concebida na Síria como uma réplica da prisão americana de Guantánamo, relatou neste domingo um refém espanhol libertado e entrevistado pelo jornal El Mundo.l O jornalista Javier Espinosa, libertado em 29 de março de 2014, contou pela primeira vez em detalhes a execução de um refém russo, Serguei Gorbunov, desaparecido em 2013.[SAIBAMAIS]O jornalista espanhol afirma ter ficado preso durante vários meses em uma casa ao norte de Aleppo, com outros 22 europeus, americanos e uma latino-americana, cujas identidades ele não fornece. Segundo ele, o EI reuniu os reféns, voluntários humanitários ou jornalistas, em uma única cela. O entrevista cita apenas o jornalista americano James Foley, seu companheiro de cativeiro, sequestrado em novembro de 2012 e executado em agosto de 2014.
"Eles tinham este projeto há muito tempo. O próprio xeque iraquiano (chefe dos guardas) nos explicou desde o primeiro instante que iriam sequestrar ocidentais para colocá-los numa prisão de alta segurança, com câmeras, inúmeros guardas... Ele nos disse que íamos ficar muito tempo porque éramos os primeiros prisioneiros que capturaram", teria comentado Foley com ele.
O espanhol explica que se manteve em silêncio desde sua libertação - assim como seu companheiro fotógrafo Ricardo García Vilanova e um jornalista do El Periódico de Catalunha, porque seus captores ameaçaram executar outros reféns se falassem "antes que tudo tivesse acabado". Dos 23 reféns, diz Espinosa, 15 foram libertados, seis executados e uma, a americana Kayla Mueller, morreu em fevereiro, em um bombardeio da aviação americana, segundo o E).
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O destino do fotojornalista britânico John Cantlie, retido com eles, é incerta. Um vídeo recentemente difundido pelo EI o mostra com vida. Espinosa relata simulações de execução por parte de três guardas encapuzados, apelidados de Beatles pelos reféns e aos quais define como psicopatas.
Eles os obrigaram a ver a execução de um refém russo, o engenheiro Serguei Nicolaievich Gorbunov, sequestrado em outubro de 2013 e assassinado em março de 2014, segundo Espinosa. "O xeque disparou uma bala explosiva contra a cabeça dele. Um dos guardas disse: ;vocês vão acabar como ele! Vamos obrigar vocês a desenterrá-lo, cavar outro túmulo e colocaremos vocês para dormir com ele;".