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Eclipse lunar atrai olhares atentos para o céu em todo o mundo

Em todo o planeta, olhares atentos buscavam observar o mais longo eclipse lunar total do século, um fenômeno que deixou a lua avermelhada por mais de uma hora

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 27/07/2018 19:25
Lua de sangue foi vista em vários lugares do mundo
Mais do que nunca, os olhos de todo o mundo estiveram virados para o céu na noite desta sexta-feira (27/7). Em todo o planeta, olhares atentos buscavam observar o mais longo eclipse lunar total do século, um fenômeno que deixou a lua avermelhada por mais de uma hora e que, exatamente por isso, também é conhecido como lua de sangue. Mais do que isso, a data ainda reservou a maior aproximação de Marte do nosso planeta nos últimos 15 anos. Ou seja, um verdadeiro espetáculo.

De acordo com o Observatório Nacional, o eclipse começou às 15h24 (horário de Brasília) e durou até 19h19. Sua fase total, porém ; quando a lua esteve totalmente coberta pela sombra da Terra ;, foi das 16h30 às 18h13. Apenas para se ter uma ideia, o último eclipse lunar, que aconteceu em julho de 2015, teve duração de apenas 12 minutos.

Um fenômeno tão raro assim, é claro, atraiu a atenção do mundo todo. Conforme a lua ia surgindo no céu, multidões se aglomeravam para apreciá-la. Em Brasília, os pontos de maior concentração foram a Praça do Cruzeiro, a Praça dos Três Poderes e a Torre de TV ; todos ao longo do Eixo Monumental.

A milhares de quilômetros da capital federal, no Quênia, jovens de uma comunidade Maasai assistiram ao eclipse e a aproximção de Marte através de um telescópio de alta potência fornecido por um casal local. Nem era preciso, contudo, já que os dois fenômenos puderam ser facilmente observados a olho nu.

"Até hoje eu achava que Marte, Júpiter e os outros planetas estavam na imaginação dos cientistas", disse Purity Sailepo, 16 anos, à AFP. "Mas agora que eu os vi, posso acreditar, e quero ser um astrônomo para contar a outras pessoas", acrescentou.

O eclipse, aliás, pôde ser melhor visto por quem estava no hemisfério sul do planeta. Especialmente na Austrália e no sul da África e da Ásia. Mesmo assim, na Tunísia (que fica no extremo norte do continente africano), mais de 2 mil pessoas se reuniram na capital, Tunes, para observar o fenômeno. "Espero que este eclipse nos traga felicidade e paz", disse Karima, 46 anos, sem tirar os olhos do céu.

A lua de sangue também pôde ser parcialmente vista na Europa e na América do Sul. Em várias partes do mundo, no entanto, o mau tempo impediu que a população desfrutasse do espetáculo natural. Foi o que aconteceu, por exemplo, na Índia ; que deveria ter uma visão privilegiada. "É decepcionante", disse Tish Adams, 67 anos, à AFP. "Eu tirei algumas fotos, mas não havia nada além de uma listra rosa no céu", lamentou.

Veja as fotos ao redor do mundo:

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Marte

Marte apareceu extraordinariamente grande e brilhante, a apenas 57,7 milhões de quilômetros da Terra em sua órbita elíptica em torno do Sol.

"Temos uma rara e interessante conjunção de fenômenos", disse Pascal Descamps, astrônomo do Observatório de Paris, à AFP.

"Devemos ver uma tonalidade vermelha acobreada na lua, com Marte logo ao lado, muito brilhante e com um leve tom alaranjado", afirmou antes do fenômeno.

O eclipse

Um eclipse lunar total acontece quando a Terra se posiciona em uma linha reta entre a lua e o sol, tapando a luz solar direta que normalmente faz o nosso satélite brilhar com um amarelo esbranquiçado.

A lua viaja para uma posição similar a cada mês, mas a inclinação de sua órbita faz com que ela normalmente passe acima ou abaixo da sombra da Terra - então, na maioria dos meses, temos uma lua cheia sem um eclipse.

Quando os três corpos celestes estão perfeitamente alinhados, no entanto, a atmosfera da Terra dispersa a luz azul do sol, enquanto refrata ou curva a luz vermelha sobre a lua, geralmente dando-lhe um rubor rosado.

Isso é o que dá ao fenômeno o nome de "lua de sangue", embora Mark Bailey, do Observatório de Armagh, na Irlanda do Norte, afirme que a cor pode variar muito.

Depende em parte de "quão nubladas ou transparentes estão aquelas partes da atmosfera da Terra que permitem que a luz do Sol chegue à Lua", disse à AFP.

"Durante um eclipse muito escuro a lua pode ficar quase invisível. Eclipses menos escuros podem mostrar a lua como cinza escuro ou marrom (...), como cor de ferrugem, vermelho-tijolo, ou, se muito brilhante, vermelho-cobre ou laranja", acrescentou.

A longa duração deste eclipse se deve em parte ao fato de que a lua faz uma passagem quase central através da umbra da Terra - a parte mais escura e central da sombra.

A Lua também está no ponto mais distante de sua órbita da Terra, fazendo com que seu movimento pelo céu fique mais lento de nossa perspectiva, passando assim mais tempo no escuro.
Com informações da Agência France-Presse

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