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Cresce lista de eventos cancelados em Hong Kong por protestos em massa

Protestos começaram no mês de junho por conta da rejeição ao projeto de lei de extradições para a China. Região vive a pior crise política desde 1997

O torneio internacional feminino de tênis de Hong Kong aumentou, nesta sexta-feira (13/9), a lista de eventos esportivos e culturais antecipados, ou anulados, por causa da onda de manifestações na ex-colônia britânica.

Os organizadores do Open WTA de Hong Kong, previsto para acontecer no início de outubro, anunciaram seu adiamento por tempo indeterminado, aludindo à "situação atual" no território.

Hong Kong atravessa a pior crise política desde sua devolução para a China em 1997, com manifestações quase diárias. Em alguns casos, os protestos levaram a violentos confrontos entre radicais e as forças de segurança.

"Depois de muita conversa com nossos associados, concluímos que uma celebração tranquila do torneio será possível em uma data posterior", afirmou a Federação de Hong Kong (HKTA) em um comunicado.

Bem-estar em Singapura

Um dos eventos esportivos mais prestigiosos da cidade, o Aberto de Tênis da WTA em Hong Kong contou, em edições passadas, com a participação de várias das principais jogadoras do circuito, como Venus Williams, Angelique Kerber e Caroline Wozniacki. Esta última foi campeã em 2016.

Tradicionalmente, este torneio é disputado no Victoria Park, um dos principais pontos de concentração das multitudinárias manifestações.

Os protestos começaram em junho, em rejeição a um projeto de lei de Hong Kong, autorizando extradições para a China.

Embora o texto tenha sido suspenso em definitivo, os promotores dos protestos ampliaram sua pauta de reivindicações, para pedir reformas democráticas e denunciar o retrocesso das liberdades na ex-colônia britânica, assim como a crescente ingerência de Pequim nos assuntos internos da região semiautônoma.

Os protestos começam a ter efeito na economia da cidade, já afetada pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, e resvalam na reputação de estabilidade de Hong Kong.

Cada vez mais artistas anulam, ou adiam, suas apresentações na cidade. Foi o caso do cantor sul-coreano Kang Daniel, do grupo GOT7 e do sul-africano Trevor Noah, um dos comediantes e apresentadores mais conhecidos dos Estados Unidos.

O Global Wellness Summit (GWS), um salão para profissionais da economia do bem-estar, será organizado em Singapura.

"Garantir a segurança"

Na quinta-feira, os produtores do musical Matilda, uma adaptação do livro infantil de Roald Dahl, anunciaram seu cancelamento, a uma semana do início do espetáculo.

O teatro onde seria realizada a peça fica perto da sede da polícia, que tem seus arredores tomados por confrontos entre policiais e manifestantes radicais.

"Infelizmente, estas 14 semanas de instabilidade em Hong Kong despencaram a venda de ingressos e, o que é mais importante, não podemos garantir a segurança e a tranquilidade da nossa companhia internacional, formada, em grande parte, por crianças", declarou James Cundall, diretor da Lunchbox Theatrical Productions, produtora do espetáculo.

Estes cancelamentos afundam ainda mais o setor turístico da cidade, já abalado pelos protestos.

Em agosto, Hong Kong registrou uma queda de 40% no número de turistas, em relação ao mesmo período em 2018, disse o secretário local das Finanças, Paul Chan.

A taxa de ocupação dos hotéis caiu pela metade, o que teve grande impacto nos pequenos estabelecimentos comerciais e no setor de alimentos.

A companhia aérea Cathay Pacific informou, na quarta-feira, uma diminuição de 11,3% em um ano de seu fluxo de passageiros em agosto. Este mês foi marcado por manifestações no aeroporto, que causaram o cancelamento de centenas voos.