O número de mortes e atentados à integridade física de crianças no Afeganistão aumentou significativamente entre 2015 e 2018, em comparação com os quatro anos anteriores - aponta um relatório da ONU publicado esta semana.
Durante este período, um grupo de trabalho da ONU que investiga sobre os crianças no conflito afegão constatou 14.202 violações graves contra eles em todo o país, relata um informe do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
"De maneira alarmante, confirmaram-se 12.599 casos de assassinatos e mutilação de crianças, o que representa quase um terço de todas as vítimas civis e um aumento de 82% em vítimas infantis em comparação com os quatro anos anteriores", diz o documento, que estima que a escala de violações graves seja maior do que isso.
O informe identifica "o recrutamento e a utilização de 274 crianças e a violência sexual contra 17 crianças, assim como o sequestro de 231 crianças, 832 ataques a escolas e hospitais e 249 incidentes de negação de acesso humanitário a crianças".
Segundo o documento, os grupos armados são os principais autores das violações graves, salvo nos casos de agressão sexual, com frequência atribuídos às forças de segurança afegãs.
Em suas observações e recomendações, Guterres disse estar "profundamente perturbado pela escala, gravidade e recorrência das violações graves cometidas contra as crianças no Afeganistão e pelo fato de que continuam sendo as mais afetadas pelo conflito armado".
"Peço a todas as partes que parem imediatamente todas as violações", insistiu, acrescentando que está "extremamente preocupado com o significativo aumento no número de vítimas infantis, incluindo os óbitos resultantes das operações aéreas realizadas pelo governo e pelas forças pró-governo".