Agência France-Presse
postado em 20/10/2019 10:13
[FOTO1]A cidade de Barcelona amanheceu neste sábado sob o impacto da violência da véspera, que deixou mais de 180 feridos em toda Catalunha, e com uma nova manifestação separatista convocada para a tarde, o que provoca o temor de novos distúrbios.Após cinco noites de distúrbios na região motivadas pela condenação à prisão de líderes independentistas, a violência explodiu durante a noite em Barcelona e outras cidades, como Girona, Tarragona e Lleida.
Em toda a região, os serviços de emergência atenderam 182 pessoas e as forças de segurança anunciaram 83 detenções.
Os confrontos mais graves aconteceram em Barcelona, onde 152 pessoas foram levadas para centros médicos após horas de batalha entre manifestantes e policiais, que usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água para abrir passagem pelas barricadas.
Depois de denunciar a ação policial, o grupo independentista de extrema-esquerda Arran convocou uma nova manifestação para este sábado na praça Urquinaona de Barcelona, epicentro dos distúrbios de sexta-feira.
O ministro espanhol do Interior, Fernando Grande-Marlaska, viajou a Barcelona para reuniões com os comandantes da operação policial.
Ao mesmo tempo, o presidente regional, o independentista Quim Torra, se reuniu com os prefeitos das principais cidades para analisar os incidentes.
Torra defendeu neste sábado uma "negociação sem condições" com Madri para tentar solucionar a crise.
"Apelamos ao presidente do governo em função (o socialista Pedro Sánchez) a definir hoje mesmo um dia e uma hora para nos sentarmos a uma mesa de negociações sem condições (...) Esta é sua responsabilidade e sua obrigação", afirmou em um comunicado institucional o presidente regional.
"Há muito tempo que estamos pedido este processo de negociação para uma resolução política a um conflito político. Hoje é mais urgente que nunca", acrescentou.
Em uma resposta, fontes do governo da Espanha afirmaram que "sempre foram favoráveis a dialogar dentro da lei" e indicaram que negociações serão efetivas apenas se Torra reconhecer os catalães "que não são independentistas e que estão pedindo para reconstruir a convivência abalada pelo independentismo".
"Torra deve condenar de modo veemente a violência, o que não fez até o momento", destacaram as fontes.
- Cinco dias de protestos -
Nascida da frustração de parte da base independentista, dois anos depois da tentativa de secessão da Catalunha de 2017, a violência representa um ponto de inflexão para o movimento separatista que celebrava sua natureza pacífica.
Os distúrbios começaram na segunda-feira, quando o Tribunal Supremo condenou nove líderes independentistas a penas de até 13 anos de prisão por seu papel na tentativa frustrada de secessão.
No mesmo dia foram registrados incidentes no aeroporto del Prat, parcialmente bloqueado pelos separatistas, e nas noites seguintes os distúrbios aconteceram no centro de Barcelona.
Na sexta-feira, após um dia pacífico de greve geral e de uma grande passeata em Barcelona, com 525.000 manifestantes segundo a polícia municipal, a violência atingiu o ponto máximo durante a noite.
"Isto não pode continuar assim. Barcelona não merece", afirmou neste sábado a prefeita da cidade, Ada Colau, partidária da celebração de um referendo sobre a independência na região.
Durante horas, milhares de manifestantes cercaram um cordão policial impotente que protegia o acesso à delegacia central da Polícia Nacional.
Centenas deles construíram barricadas em chamas e jogaram paralelepípedos, objetos de metal e fogos de artifício na direção dos policiais. Os agentes responderam com gás lacrimogêneo.
Na manhã de sábado, entre jolnquirnalistas e moradores, funcionários do serviço de limpeza tentavam retirar os escombros deixados pela confusão de sexta-feira.
No chão era possível observar pedaços de vidro, pedras e latas, além dos projéteis utilizados pela polícia. Pontos de ônibus quebrados, semáforos e lojas danificadas completavam a paisagem.
Depois de 10 anos avanço da campanha independentista, a região de 7,5 milhões de habitantes permanece dividida sobre a questão.
Após fortes distúrbios que deixaram mais de 180 feridos, a tensão diminuiu neste sábado na Catalunha, no sexto dia de protestos desde a sentença de prisão contra nove líderes separatistas pela tentativa de secessão de 2017.
Depois de cinco noites de tumultos, que deixaram mais de 600 feridos e 300 detidos nessa região do nordeste da Espanha, uma rede humana de separatistas conseguiu acalmar os ânimos da manifestação em Barcelona.
O presidente regional, o separatista Quim Torra, exigiu o início de uma "negociação sem condições" para resolver o conflito, mas recebeu a recusa do governo socialista de Pedro Sánchez, sob pressão da direita a três semanas das eleições legislativas, em 10 de novembro.
Na praça Urquinaona, o epicentro da violência na noite de sexta-feira, cerca de 6.000 pessoas, segundo a polícia municipal, se reuniram à tarde para protestar contra a "repressão" da polícia.
Entre eles e o cordão policial, um grupo de dezenas de separatistas se sentaram no chão, em meio a vaias e objetos jogados contra a polícia.
Apesar dos esforços, pequenos grupos formaram barricadas em chamas, um deles nas populares Ramblas de Barcelona. A polícia respondeu com balas de borracha.
Durante o dia, ativistas pró-independência fizeram numerosos bloqueios de ruas e estradas, constantes na última semana.
- Caos na véspera -
Na noite de sexta-feira, depois de uma marcha pacífica que reuniu 525.000 pessoas, o centro de Barcelona testemunhou duros confrontos entre policiais e jovens mascarados que causaram 152 feridos.
Em toda a Catalunha, 182 pessoas precisaram de assistência médica na sexta-feira, o número mais alto desde o início dos protestos na segunda-feira, com a sentença de 9 a 13 anos de prisão a nove líderes separatistas pela tentativa de secessão de 2017.
Os incidentes começaram na segunda-feira no aeroporto de El Prat, parcialmente bloqueado por 10.000 separatistas, e continuaram a partir de terça-feira no centro de Barcelona e outras cidades catalãs.
Além disso, neste sábado, houve protestos contra a condenação dos líderes catalães em San Sebastián (País Basco, norte) e Madri, onde houve 26 feridos em incidentes entre manifestantes e polícia, segundo os serviços de emergência da capital.
- Pressão eleitoral para Sánchez -
Antes das eleições legislativas de 10 de novembro, a iluminação da Catalunha pressiona o governo socialista de Pedro Sánchez, que enviou seu ministro do Interior a Barcelona.
O presidente separatista catalão, Quim Torra, exigiu de Sanchez a abertura de uma "negociação sem condições", isto é, sem excluir a possibilidade de um referendo de autodeterminação.
O governo restringiu o diálogo ao marco legal, que exclui essa votação, e exigiu que o líder regional "condene fortemente a violência" diante da ambiguidade de suas declarações recentes.
Em plena campanha eleitoral, os partidos de direita instaram o chefe de governo em exercício a tomar medidas drásticas para restaurar a ordem na Catalunha.
O conservador Pablo Casado prometeu que seu Partido Popular "será a barreira de contenção diante do desafio separatista". O Cidadãos (centro-direita), que convocou uma manifestação para o domingo em Barcelona, exigiu a destituição de Torra, considerado um "perigo público".
Nascida da frustração da base da independência, dois anos após a tentativa de secessão da Catalunha em 2017, a violência marca um ponto de virada para o movimento separatista que se vangloriava de sua natureza pacífica.