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Britânico acredita ter se curado do coronavírus com uísque e mel

Método, porém, não tem nenhuma base científica, alerta a médica infectologista e professora de medicina Joana D'Arc

Correio Braziliense
postado em 04/02/2020 18:06

Método, porém, não tem nenhuma base científica, alerta a médica infectologista e professora de medicina Joana D'ArcUm britânico que vive em Wuhan, na China, epicentro do coronavírus, diz que se curou da doença tomando uísque quente e mel. Em entrevista ao jornal inglês The Sun, o professor Connor Reed, de 25 anos, contou que ficou internado em um hospital por duas semanas com muita tosse e dificuldade para respirar. Os médicos o diagnosticaram com o novo vírus. "Eu pensei que ia morrer, mas consegui vencê-lo", afirmou ao jornal. 

 

O britânico relatou que usou um inalador para ajudar na respiração e que recusou os antibióticos. Em vez disso, resolveu se automedicar com uísque quente e mel. "É um remédio antiquado, mas parecia funcionar”, relatou. 

 

No entanto, não existe nenhuma comprovação científica que ateste que o método funcione. De acordo com o  Ministério da Saúde,  até o momento, não há nenhum medicamento específico, infusão, óleo essencial ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus. Ainda segundo a pasta, o tratamento para a doença deve ser feito com repouso e consumo de bastante água. Além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas, como o uso de medicamento para dor e febre e o uso de umidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garganta e tosse.

 

De acordo com a médica infectologista e professora de medicina do Centro Universitário de Brasília (UniCeub) Joana D'Arc, não é possível atestar que o britânico realmente conseguiu uma cura. "Teria que ser feita uma análise, além de testes para chegar a essa conclusão. Às vezes, é só uma coincidência. O paciente só evoluiu de uma forma favorável. Depende muito do organismo", afirma. "Para infecções virais, a gente recomenda repouso e bastante líquido. Nunca uísque. Mel, a gente ainda recomenda para fazer um chá", completa. 

 

Em torno de 10% e 20% das pessoas infectadas pelo coronavírus desenvolvem pneumonia e outras complicações. A taxa de letalidade é de 2%. Até o momento, a nova doença matou 425 pessoas e infectou mais de 20.400. Cerca de 80% das vítimas que morreram eram pessoas com mais de 60 anos e 75% tinham histórico de doenças anteriores, segundo Comissão Nacional de Saúde da China (NHC).

 

Segundo Joana, os tratamentos estão sendo feitos com repouso e ingestão de líquidos. Além de suportes para ajudar o sistema respiratório, em casos mais graves. "O paciente fica em observação até que o organismo consiga eliminar o vírus", explica. 

 

Esta semana, pesquisadores tailandeses conseguiram tratar com sucesso um paciente com o vírus. Os médicos usaram antivirais para tratamento de gripe e HIV. A paciente é uma chinesa de 71 anos. Além disso, os pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (ACC) selecionaram 30 medicamentos existentes, produtos naturais biologicamente ativos e medicamentos tradicionais chineses que podem ter efeitos terapêuticos contra o novo coronavírus para testes mais específicos. 

 

Os Estados Unidos também está trabalhando com uma companhia farmacêutica no desenvolvimento de um tratamento para a doença. O remédio usado é uma droga que aumentou as taxas de sobrevivência entre pacientes com ebola. 

 

Para a médica Joana D’arc falar em um remédio ou vacina específica para o novo coronavírus é algo que pode demorar algum tempo. "Tem várias incógnitas ainda. Só há poucos dias que os pesquisadores conseguiram fazer o cultivo do vírus em laboratório. Agora os estudos vão poder identificar melhor a transmissão e, assim, desenvolver vacinas e tratamentos. O comportamento do vírus ainda não está totalmente elucidado. A gente tem pessoas que são assintomática e que transmitem e os sintomas são variáveis, por exemplo", afirma.  

 

Por isso, para ela, a melhor solução é apostar na boa e velha prevenção. "Para evitarmos uma epidemia é cada um fazer sua parte. O principal é a prevenção, já que não temos o método curativo. É o que chamamos de hábitos de higiene e etiqueta respiratória", completa. 

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