Mundo

Vírus avança no mundo, enquanto população perde confiança nas autoridades

No total, o novo coronavírus deixou quase 640.000 mortos no mundo todo

Correio Braziliense
postado em 25/07/2020 14:45
No total, o novo coronavírus deixou quase 640.000 mortos no mundo todoParis, França - Nesta semana, pela primeira vez desde o início da pandemia de coronavírus, mais de 280.000 novos casos foram registrados no mundo nas últimas 24 horas, números que obrigam os governos a intensificarem as restrições e que também estão fazendo a população perder a confiança na gestão das autoridades.

Desde 1º de julho, foram registrados mais de cinco milhões de infecções, o que equivale a um terço do total de casos declarados oficialmente no mundo desde que a pandemia surgiu na China, em dezembro passado. No total, o novo coronavírus deixou quase 640.000 mortos no mundo todo, de acordo com um balanço da AFP feito neste sábado (25), com base em números oficiais.

A resposta dos governos a esta crise de saúde está causando uma perda progressiva de confiança nas autoridades, aponta um relatório da consultoria Kekst CNC, divulgado hoje. "Em muitos países, o apoio aos governos está caindo este mês", destaca o informe. Segundo a pesquisa, cidadãos de França, Alemanha, Reino Unido, Japão, Suécia e Estados Unidos pensam que o número de mortes e infecções é maior do que o oficial.

O aumento de focos na Europa, que ultrapassou três milhões de infectados e 207.000 óbitos, levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a emitir um alerta na sexta-feira. "O ressurgimento recente de casos em alguns países é realmente uma preocupação", disse uma porta-voz da OMS Europa à AFP. "Se a situação exigir, pode ser necessário introduzir medidas mais rígidas", completou.

Nesse contexto, o Reino Unido se somou à França, Alemanha e Áustria para tornar obrigatório o uso de máscara em locais públicos e realizar mais testes de diagnóstico. Os surtos em várias partes da Espanha - especialmente nas regiões de Aragão e da Catalunha, onde medidas de segurança já foram restabelecidas para conter a propagação - fizeram países como França e Noruega reimpuseram restrições às viagens para a península.

Ontem, a França também decidiu exigir exames testes de diagnóstico de viajantes de 16 países, incluindo Estados Unidos e Brasil, os dois mais afetados no mundo, assim como Peru, o segundo com o mais contágios na América Latina. A Ásia também é motivo de preocupação, à medida que novas fontes de contágio estão surgindo. A Coreia do Sul registrou seu maior número de casos em quase quatro meses neste sábado, e o Vietnã detectou o primeiro contágio por transmissão local em 100 dias.
 
 

Desconfinamento em Santiago 

 
Nos Estados Unidos, onde já existem 145.546 mortes e mais de quatro milhões de infectados, 70.000 deles registrados na sexta-feira, a pandemia não recua. Depois de passar meses minimizando seu impacto, o presidente Donald Trump admitiu, a 100 dias da eleição presidencial e em meio a desfavoráveis pesquisas de opinião sobre sua gestão da pandemia, que a situação é "preocupante".

Ainda assim, a agência federal de saúde pública do país se mostrou favorável ao retorno dos alunos às salas de aula após o verão (inverno no Brasil), uma mudança de posição adotada logo após um pedido direto da Casa Branca. "Não se pode impedir, de forma definitiva, que 50 milhões de crianças frequentem a escola", disse Trump.

A escola particular onde seu filho mais novo, Barron, estuda não abrirá 100% após as férias. Na América Latina e no Caribe, onde já existem mais de quatro milhões de casos e mais de 179.692 mortes foram registradas, vislumbra-se alguma luz no fim do túnel no Chile. Com 338.759 casos e quase 9.000 mortes, uma melhora no número de infecções levou as autoridades a anunciarem o início de um desconfinamento gradual em sete comunas de Santiago a partir da próxima semana. A quarentena começou em março.

Na Argentina (153.507 infecções e mais de 2.800 óbitos), começam, na próxima semana, testes clínicos em pacientes, usando-e uma solução hiperimune baseada à base de soro de cavalo, um potencial medicamento contra a covid-19, informou a empresa de biotecnologia Inmunova, em um comunicado.

O Brasil, o país latino-americano mais afetado, com 2.343.366 infecções e 85.238 mortes, continua sendo castigado pelo coronavírus. Para o presidente Jair Bolsonaro, porém, a pandemia não parece ter um custo político, apesar de sua polêmica gestão. De acordo com três pesquisas publicadas esta semana, sua popularidade registrou uma recuperação.

Neste sábado, Bolsonaro anunciou em suas redes sociais que deu negativo no teste da covid-19, após ter sido diagnosticado com a doença em 7 de julho. Ele atribui sua recuperação ao tratamento com hidroxicloroquina. "RT-PCR para Sars-Cov 2: negativo. Bom dia a todos", publicou nas redes, junto com uma foto sua sorrindo e com uma caixa de hidroxicloroquina nas mãos.

O presidente, de 65 anos, não especificou quando o exame RT-PCR foi feito. Em todo mundo, eventos e festividades continuam sendo cancelados, devido à crise da saúde. Na sexta-feira, por exemplo, São Paulo anunciou que estava desistindo do carnaval de 2021.

Saiba Mais

Também na região, o Panamá se recusou a sediar, junto com a Costa Rica, a Copa do Mundo Feminina de Sub-20 no próximo ano, assim como os Jogos da América Central e do Caribe-2022. Segundo o governo local, os eventos e a pandemia exigem infraestruturas muito custosas, recursos que o país prefere gastar em questões relacionadas à saúde pública e à erradicação do vírus.

Neste sábado, porém, o futebol voltou à China, após uma interrupção de cinco meses. O campeonato local foi retomado com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da pandemia e aos profissionais de saúde.

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