Politica

Graças a estratégia, presidente do Pros é solto após se apresentar à PF

Com mandado de prisão expedido desde a semana passada, Eurípedes Júnior esperou início do período em que a legislação eleitoral limita prisões para se apresentar

Lucas Valença - Especial para o Correio
postado em 23/10/2018 13:42
Eurípedes deixou a sede da PF em Brasília pouco depois de chegar ao local
O presidente do Pros, Eurípedes Júnior, foi solto logo após se apresentar na sede da Polícia Federal em Brasília. Ele estava foragido desde a semana passada, quando um mandado de prisão foi expedido contra ele, que é alvo da Operação Partialis, deflagrada para combater o desvio de cerca de R$ 2 milhões na aquisição de gases medicinais em Brasília e no Pará.

Eurípedes foi solto porque a lei eleitoral proíbe a prisão de políticos durante a eleição cinco dias antes da votação e até 48 horas depois da eleição, a menos que ele seja detido em flagrante. Conforme o Correio havia noticiado, o político se apresentou justamente no dia em que o prazo começou a contar. A PF confirmou que não pôde realizar a prisão por causa da legislação eleitoral.

[SAIBAMAIS]Segundo o advogado Bruno Pena, que defende o acusado, Eurípedes não chegou a ser ouvido pelo delegado da PF. "O delegado presente estava impossibilitado de ouvi-lo porque não tinha nem o questionário encaminhado pelo delegado federal de Marabá (PA)", afirmou, negando que Júnior esteja foragido.

Acusações

Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, que também é ex-vereador, foi alvo de uma série de reportagens do Correio em março e julho do ano passado. Ele é acusado de utilizar o dinheiro público para a compra de um helicóptero, mansões, um avião bimotor e de contratar funcionários terceirizados por meio de empresas de parentes com o dinheiro público.

Ao menos quatro denúncias contra Eurípedes são investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Uma delas se refere ao helicóptero da fabricante Robinson, modelo R-66, prefixo PP-CHF, avaliado em R$ 2,8 milhões, que é utilizado para os deslocamentos do ex-vereador da cidade de Planaltina de Goiás, local onde o Pros foi fundado, até uma casa que era usada pela legenda, no Lago Sul. Desde sua criação, em 2013, o partido, que só tem cinco deputados, já recebeu mais de 35 milhões do fundo partidário.

Eurípedes mantém duas casas em Planaltina, e uma gráfica que também pertence ao partido, de acordo com denúncias de ex-funcionários. Uma fonte contou a reportagem, na época, que motoristas do transporte irregular, que prestavam serviço para ele, foram usados em larga escala para recolher assinaturas na região para a criação do Pros. Ele também é acusado de fraudar documentos para convocação de assembleias extraordinárias.

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