Bernardo Bittar
postado em 25/05/2019 07:00
Na primeira visita ao Nordeste desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro pediu a governadores e prefeitos que trabalhem pela aprovação da reforma da Previdência, destacando a necessidade da proposta para reduzir as desigualdades no país. Em meio a manifestações no Recife, contra e a favor, ele foi criticado por governadores e fez novos afagos ao Congresso. Sobre o ministro da Economia, que ameaçou abandonar o governo caso a PEC 6/2019 se transforme em uma ;reforminha;, Bolsonaro foi categórico: ;A escolha é dele;.
;Temos um desafio pela frente, que não é meu. É também dos senhores governadores e prefeitos, independentemente de questão partidária. É a reforma da Previdência, sem a qual não podemos sonhar em botar em prática algo que estamos sonhando neste momento;, afirmou Bolsonaro no Recife. A tramitação no Congresso da PEC das aposentadorias fez com que o presidente desse novo aceno aos parlamentares, que reclamam da falta de diálogo com o Planalto. ;É legítimo o parlamento fazer mudanças (no texto da reforma);, disse o presidente, que também elogiou ministros de Estado. ;Eu apenas sou o maestro de uma orquestra.;
Bolsonaro esteve com 10 governadores que integram o Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). A maioria dos participantes da reunião era de partidos que fazem oposição ao governo na região, onde Bolsonaro registra seus piores índices de popularidade.
Oficialmente, a viagem marca o lançamento do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE). Governadores reivindicam a definição concreta de como esse plano será financiado. Eles querem que ao menos 30% do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste sejam destinados a isso. O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, anunciou um acréscimo para o fundo, de cerca de R$ 4 bilhões, mas ainda não bateu o martelo sobre como será a ajuda para o plano.
Críticas
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não poupou críticas ao Executivo federal. Destacou que o presidente ;paralisa o país; e aproveitou para afirmar que ;o governo Bolsonaro tem uma visão sectária, extremista e divisionista;. Outro presente ao encontro foi o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB). Ele se disse preocupado com a região e com a efetivação do Plano de Desenvolvimento Regional, por conta da paralisação da economia brasileira. ;Popularidade não se relaciona com dinheiro, mas com capacidade de liderar;, frisou.
Rejeição
Segundo pesquisa Datafolha, divulgada em abril, 39% dos nordestinos consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, ante 30% da média nacional. O presidente foi derrotado em todos os estados da região na eleição do ano passado, ficando atrás do então candidato Fernando Haddad (PT).
Manifestações
Após desembarcar no Aeroporto Internacional do Recife, na manhã de ontem, Bolsonaro seguiu para agenda no Instituto Ricardo Brennand. Em frente ao local, dezenas de pessoas se aglomeravam com cartazes e carros de som, num protesto contra a visita presidencial. Questionado por um repórter sobre sua rejeição no Nordeste, Bolsonaro se irritou: ;Pode fazer uma pergunta inteligente, por favor?;, respondeu.