Marina Torres*
postado em 19/06/2019 11:40
O presidente dos Correios, o general Juarez Cunha, anunciou, nesta quarta-feira (19/6), que está de saída da empresa, após ter sido demitido virtualmente pelo presidente Jair Bolsonaro, na última sexta-feira.
Durante a madrugada, em suas redes sociais, o general comentou o afastamento. "Caros amigos! Hoje me afasto dos Correios. Foram 7 meses de alegria, obtivemos excelentes resultados, conduzimos a recuperação da Empresa e fizemos grandes amigos. Saldo muito positivo e a certeza que vocês continuarão no cumprimento da missão. Um abraço a todos", escreveu.
[VIDEO1]
Em carta aos funcionários, Juarez Cunha escreveu que "obteve eco positivo no âmbito da maioria do dos empregados" e que "se não fosse para exercitar minhas firmes convicções, não poderia ser presidente dos Correios". Cunha se despediu com uma modificação do bordão do governo Bolsonaro: "Brasil acima de tudo! Correios no coração de todos"
A demissão do general acontece depois de Bolsonaro ter afirmado, em café da manhã com jornalistas na sexta-feira, que demitiria Cunha porque o presidente da estatal teve comportamentos "sindicalistas". Os comportamentos sindicalistas a que Bolsonaro se referiu são gestos de Cunha em audiência pública na Câmara. O presidente dos Correios tirou foto com parlamentares da oposição (PT e PSOL) afirmou que a empresa não seria privatizada, o que vai contra os planos do governo e do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Na terça-feira (18/6), o general chegou a ir trabalhar normalmente nos Correios. Em palestra fechada à imprensa, mas a que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, ele afirmou que só sairia da empresa após pedido formal. "Só vou sair daqui a hora que chegar oficialmente. Aí eu saio, senão, não saio, não". Terminou o evento aplaudido e vestindo um boné de carteiro. Na véspera, ele havia sido presenteado com um selo com seu rosto estampado pela Superintendência dos Correios do Amazonas.
No evento, o ex-presidente voltou a bater na tecla da privatização dos Correios e afirmou que a decisão era uma promessa de campanha de Bolsonaro que ele deveria cumprir.
O porta-voz da presidência, Otávio Rego Barros, informou durante a noite de segunda-feira que o presidente ainda não decidiu quem entrará no lugar de Juarez.
* Estagiária sob a supervisão de Vinicius Nader