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Juiz aponta que suspeitos se uniram para invadir celulares de autoridades

Quatro presos pela PF seriam os autores de ataques contra juízes, delegados da PF, jornalistas, deputados e possivelmente procuradores da Lava-Jato

O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10; Vara Federal de Brasília, aponta que existem "fortes indícios" de que os presos na Operação Spoofing da Polícia Federal se uniram para invadir o celular de diversas autoridades públicas. Na decisão que autoriza a prisão de quatro pessoas, suspeitas de serem os autores dos ataques, o magistrado descreve o modus operandi utilizado no crime.

[SAIBAMAIS] A investigação da Polícia Federal aponta que os detidos estão por trás de diversos ataques contra integrantes do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, fontes na PF descrevem que jornalistas também estão entre os alvos. Outra suspeita é de que o mesmo grupo seja autor da investida cibernética contra procuradores que integram a força-tarefa da Lava-Jato no Paraná. "Há fortes indícios de que os investigados integram organização criminosa para a prática de crimes e se uniram para violar o sigilo telefônico de diversas autoridades públicas brasileiras via invasão do aplicativo Telegram", afirmou Vallisney na decisão.

Foram presos Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira, Danilo Cristiano Marques e Walter Delgatti Neto, em Araraquara-SP, Ribeiro Preto-SP e na capital paulista. Eles estão detidos em Brasília, sendo dois na Superitendência da PF e outros dois na carceragem da corporação, no Aeroporto Juscelino Kubitschek.

O juiz determinou a quebra de sigilo bancário dos acusados no período entre 1; de janeiro e 17 de julho deste ano. Valores acima de R$ 1.000 devem ser bloqueados.

Finanças


Gustavo e Suellen moram no mesmo apartamento e mantém um relacionamento. No despacho Vallisney destaca que Gustavo movimentou R$ 424 mil entre 18 de abril de 2018 e 29 de junho de 2018. Os valores são incompatíveis com a renda mensal dele, de R$ 2.866. Suelen, de acordo com o documento, movimentou R$ 203 mil de 7 de março a 29 de maio de 2019, e tem renda mensal de R$ 2.192.

Com os dois foram apreendidos R$ 100 mil em espécie na hora da prisão. O advogado Ariovaldo Moreira, que defende o casal, diz que Gustavo informou que ganhou dinheiro com a compra e venda da moeda virtual bitcoin. Ele alega que os clientes declaram não terem envolvimento em um suposto ataque.