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Ministério da Justiça diz que hackers presos invadiram celular de Bolsonaro

De acordo com a pasta de Sérgio Moro, ''por questão de segurança nacional, o fato foi devidamente comunicado ao presidente da República''

Philipe Santos, Renato Souza
postado em 25/07/2019 09:41

Bolsonaro no celularO Ministério da Justiça e Segurança Pública informou, na manhã desta quinta-feira (25/7), que a Polícia Federal afirmou que aparelhos celulares utilizados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foram alvos de ataques pelo grupo de supostos hackers preso na última terça feira (23/7).

De acordo com o ministério, "por questão de segurança nacional, o fato foi devidamente comunicado ao presidente da República". Ainda não foi informado se os acusados tiveram acesso ao conteúdo de aplicativos de mensagens do presidente.

De acordo com a PF, mais de mil pessoas, entre juízes, jornalistas, deputados e integrantes do Executivo podem ter tido seus celulares acessados ilegalmente. No computador de um dos investigados, as equipes policiais encontraram atalhos para contas em aplicativos de mensagens, entre eles o perfil do ministro Paulo Guedes no Telegram.

. As informações preliminares indicam que se trata de um grupo especializado em estelionato virtual. As informações do celular do ministro Sérgio Moro seriam vendidas para o PT. Ele se reuniu, nessa quarta-feira (24/7), com o presidente Bolsonaro e passou um panorama do andamento do caso. Em nota, o PT afirma que mais uma vez o partido é alvo de uma armação.

Bolsonaro pede punição

O presidente usou as redes sociais para pedir punições aos envolvidos. No Twitter, o chefe do Palácio do Planalto afirmou que foi informado por questão de segurança nacional. ;Um atentado grave contra o Brasil e suas instituições. Que sejam duramente punidos! O Brasil não é mais terra sem lei;, afirmou.

Ainda na rede social, Bolsonaro afirmou que não trata qualquer tema nacional via celular. ;Por oportuno, informo que jamais tratei temas sensíveis ou de segurança nacional via celular;, conclui.

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Modus operandi

Na decisão que autoriza as prisões e o cumprimento de mandados de busca e apreensão, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10; Vara Federal de Brasília, detalha como teria ocorrido a invasão ao celular de Moro e dos demais alvos. De acordo com o magistrado, as investigações da Polícia Federal apontam que os supostos hackers tiveram acesso a um código enviado pelo Telegram para que a conta de Moro fosse acessada por computador.

O código é enviado por meio de uma ligação. ;O invasor, então, realiza diversas ligações para o número alvo, a fim de que a linha fique ocupada e a ligação contendo o código de ativação do serviço Telegram Web seja direcionada para a caixa postal da vítima;, descreve o magistrado em sua decisão.

A PF vai enviar à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informações sobre a dinâmica do ataque cibernético. A intenção é acabar com vulnerabilidades na rede das companhias telefônicas, que deixam os usuários expostos.

Os presos

Gustavo Henrique Elias Santos: tem 28 anos, é conhecido como DJ Guto Dubra de Araraquara (SP). Trabalha com organização de festas eletrônicas. Foi preso em 2013 por receptação de uma caminhonete. Julgado em 2015, foi condenado a seis meses em regime semiaberto. Movimentou R$ 424 mil entre 18 de abril e 29 de junho de 2018. Tem renda média de R$ 2.866.

Suelen Priscila de Oliveira: tem 25 anos, foi presa no mesmo endereço de Gustavo, em São Paulo, com quem já foi casada. Movimentou R$ 203 mil entre 7 de março e 29 de maio. Tem renda mensal registrada de R$ 2.191.Continua depois da publicidade

Gustavo Henrique Elias Santos e Walter Delgatti Neto foram presos em ação da PF

Walter Delgatti Neto: tem 30 anos, é conhecido como Vermelho e foi preso em Ribeirão Preto (SP). Costumava se apresentar como investidor e estudante de medicina da USP, onde não estudava. Foi alvo de mandado de busca e apreensão em 2015, quando a namorada do irmão dele, de 17 anos, o acusou de dopá-la e estuprá-la. Em sua página no Twitter, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e a Sérgio Moro. Chegou a responder ao coordenador da Lava-Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, sobre como identificar se o conteúdo vazado do seu celular era verídico. Compartilhava páginas de sites ligados à esquerda, mas era filiado ao DEM desde 2007.


Danilo Cristiano Marques: tem 33 anos, também foi preso em Araraquara, enquanto fazia um curso de eletricista. É motorista de Uber. Teve uma microempresa de comércio de equipamentos de telefonia e comunicação com o nome Pousada e Comércio Chatuba.

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