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"Algumas pessoas querem fazer com que pareçamos mal", diz Araújo

Após troca de farpas entre a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, e o presidente Jair Bolsonaro, ministro das Relações Exteriores diz que discurso da chilena é ''absurdo''

Augusto Fernandes
postado em 05/09/2019 12:42
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, reforçou as críticas do governo federal à alta comissária da ONU para os Direitos Humanos
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, reforçou as críticas do governo federal à alta comissária da ONU para os Direitos Humanos e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, que na quarta-feira (4/9) disse haver uma "redução no espaço democrático" do Brasil. Para o chanceler, a afirmação de Bachelet é "absurda" e "guiada por ideologias"

"Vimos ontem a alta comissária para Direitos Humanos (da ONU), Michelle Bachelet, dizendo que o Brasil viu uma diminuição do espaço para a democracia, o que é totalmente absurdo e guiado por ideologia. Algumas pessoas querem fazer com que pareçamos mal, quando estamos tentando fazer mudanças no sistema", declarou Araújo nesta quinta-feira (5/9), durante a conferência "Agenda do Brasil para Crescimento Econômico e Desenvolvimento", organizada pelo Council of the Americas (COA).

A declaração de Bachelet foi uma crítica ao ímpeto nacionalista do presidente Jair Bolsonaro, resultante da crise dos incêndios na Amazônia. "Nos últimos meses, observamos (no Brasil) uma redução do espaço cívico e democrático, caracterizado por ataques contra defensores dos direitos humanos, restrições impostas ao trabalho da sociedade civil", declarou a chilena.

O chefe do Executivo federal rebateu a alta comissária da ONU, e afirmou que ela está "seguindo a linha" do presidente francês, Emmanuel Macron, ao "se intrometer nos assuntos internos e da soberania brasileira". No entanto, Bolsonaro foi além e fez elogios a Augusto Pinochet, que comandou a ditadura chilena entre as décadas de 1970 e 1980, regime sob o qual o pai de Michelle Bachelet, Alberto Bachelet, foi preso, torturado e morto.

"(Bachelet) diz que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai, brigadeiro à época", afirmou Bolsonaro. "Quando tem gente que não tem o que fazer, vai lá para a cadeira de Direitos Humanos da ONU", acrescentou o presidente.

[SAIBAMAIS]Ainda nesta quinta, Araújo fará uma reunião com o ministro das Relações Exteriores do Chile, Teodoro Ribera. O encontro havia sido agendado antes das polêmicas entre Bolsonaro e Bachelet.

"Crise falsa"


O chanceler brasileiro ainda comentou sobre os recentes incêndios na Floresta Amazônica e afirmou que a crise internacional gerada elas queimadas é falsa.

"Temos incêndios florestais na região da Amazônia, como ocorre todos os anos. Neste ano em particular, tivemos mais incêndios do que no ano passado. De repente, virou uma crise. De repente, as pessoas dizem que a Amazônia está sendo consumida pelo fogo, que a Amazônia está queimando e de que é culpa do governo brasileiro. Uma crise falsa, uma interpretação falsa da situação e uma falsa atribuição de motivos", destacou.

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