Politica

Conselho de Ética da Câmara do Rio vai analisar o caso de Carlos Bolsonaro

Denúncia está sendo investigada em dois procedimentos abertos pelo Ministério Público do Rio de Janeiro

Jorge Vasconcellos
postado em 12/09/2019 18:39
Verador carlos bolsonaro esbravejandoO presidente da Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, vereador Fernando William (PDT), disse ao Correio, nesta quinta-feira (12/9) que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, poderá sofrer sanções caso fique comprovado que ele usou funcionários fantasmas em seu gabinete e praticou a chamada "rachadinha" - quando o servidor devolve parte do salário ao parlamentar.
O caso está sendo investigado em dois procedimentos abertos pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Segundo o vereador Fernando William, o caso de Carlos Bolsonaro será discutido no próximo dia 19, em reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

"O Conselho é formado por dez vereadores. Vamos designar um ou mais vereadores para acompanhar a ação do MP do Rio de Janeiro e, se essas irregularidades foram comprovadas, o vereador Carlos Bolsonaro terá que enfrentar os procedimentos do Conselho de Ética", disse Fernando William ao Correio, referindo-se à apuração de indícios de quebra de decoro parlamentar, o que poderá abrir caminho para a abertura de um processo de cassação do mandato.

"Ele é filho do presidente da República, mas é um vereador como todos os outros. Se confirmadas as informações, ele terá de enfrentar as consequências", acrescentou o parlamentar, frisando que, ao mesmo tempo, é preciso adotar muita cautela ante uma avalanche de notícias falsas em circulação.

Fernando William foi perguntado por qual motivo o Conselho de Ética não adotou o mesmo procedimento em junho, quando o vereador Tarcisio Motta (PSOL) apresentou, no plenário da Câmara Muncipal, um requerimento de instauração de processo disciplinar para apurar denúncias de que Carlos Bolsonaro empregou assessores fantasmas. Na ocasião, Motta conseguiu apenas nove das 21 assinaturas necessárias para o requerimento tramitar.

"Naquela ocasião o processo não andou porque o caso estava muito polarizado, era uma briga do PSOL contra o Carlos Bolsonaro, e muitos vereadores não quiseram se envolver", disse Fernando William.

Nesta quinta-feira (12/9), pelo Twitter, Carlos Bolsonaro partiu para o ataque à imprensa por conta da notícia sobre a investigação do Ministério Público. "Imprensa lixo, não adianta me chamar para a briga, com desinformações que vocês sempre fomentaram, que não vou cair na armadilha. Qualquer um sabe o motivo disso tudo e qual o objetivo. Tranquilo e despreocupado! Bom dia a todos", escreveu, aparentemente atribuindo o caso a uma suposta ação para atingir o presidente Jair Bolsonaro.

As investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro foram instauradas depois que reportagem da revista ÉPOCA revelou, em junho, que Carlos empregou sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e de sua madrasta. Dois admitiram à reportagem nunca ter trabalhado para o vereador, embora estivessem nomeados. A investigação foca também em suspeitas de que outros três profissionais nunca deram expediente na Câmara.

[SAIBAMAIS]Ao todo, são dois os procedimentos abertos pelo MP do Rio, ambos sob segredo de Justiça. A investigação criminal é comandada pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, com apoio do Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim). Já na esfera cível, em que se apura eventual improbidade administrativa, a investigação é da 8; Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital.
Entre os casos investigados está o de Marta Valle, professora de educação infantil e cunhada de Ana Cristina Valle. Moradora de Juiz de Fora, em Minas Gerais, ela passou sete anos e quatro meses lotada no gabinete de Carlos Bolsonaro, de novembro de 2001 a março de 2009, mas nunca pôs os pés no trabalho. O salário bruto de Marta Valle chegou a R$ 9.600, mas, com os auxílios, os vencimentos subiram para R$ 17 mil.

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