O advogado do miliciano Adriano Magalhães de Nóbrega, morto em uma ação registrada como confronto contra a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), no município de Esplanada, no último dia 9, disse em entrevista, nesta terça-feira (18/2), que "o componente político não é saudável para a solução do caso". "Nossa atuação é técnica, jurídica. Talvez se o caso não estivesse em tanta evidência, certamente meus pedidos já teriam sido deferidos, imagino", disse.
A afirmação foi feita ao ser questionado sobre falas do presidente da República, Jair Bolsonaro sobre o caso. Na manhã deste terça-feira, em tradicional entrevista a jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo disse que já tomou as providências legais para que seja feita uma perícia independente.
É justamente isso que a família de Adriano pede judicialmente. O advogado Catta Preta explicou que a defesa solicita a preservação do corpo, que está no Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro, a autorização para se fazer uma perícia independente dentro do próprio IML e uma perícia de local de crime.
"Não posso fazer uma análise do comportamento do presidente, porque não sou amigo... Não sou nem eleitor dele", disse o advogado, ainda respondendo a mesma pergunta. E completou: "O que interessa não é isso. A questão é das autoridades a quem eu tenho pedido que examinem com rigor esse pedido e garantam à família esse direito de fazer a perícia", pontuou.
O defensor disse acreditar que se o caso tivesse menos repercussão, ou fosse desconhecido, talvez os pedidos já teriam sido deferidos. Para ele, a situação pressiona as autoridades. "Não quero ser leviano. É avaliação pessoal minha", disse.
Queima de arquivo
O advogado voltou a falar sobre as afirmações de Adriano Nóbrega dias antes de morrer, quando manifestou um medo de ser morto. Segundo ele, a suspeita de que a morte de Adriano tenha sido queima de arquivo surge devido às informações ditas pelo próprio miliciano no último dia 5, em última conversa por telefone com o advogado."Uma coisa é uma pessoa dizer que tem medo de ser morto e uma semana depois essa pessoa morrer. O contexto da informação para mim foi distinto. A partir daí é que essa dúvida cresceu", disse.
Até o momento, além de não ter sido autorização para fazer uma nova perícia do corpo, o advogado afirma que teve negado o pedido de acesso à investigação da Bahia. Catta Preta diz não saber se os exames, como o residuográfico das mãos (para ver presença de pólvora), foram realizados.
Ainda assim, ele diz que a suspeita de queima de arquivo se torna robusta com a divulgação das fotos do ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), do RJ, reveladas pela revista Veja. O advogado afirma que para ele, e para peritos consultados, "há elementos ali que merecem no mínimo uma reavaliação, elucidação ou análise mais profunda". O advogado cita sete costelas quebradas, a dinâmica de um disparo de arma de fogo e a proximidade.
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