Politica

Em plena crise de coronavírus, Bolsonaro reúne deputados em café da manhã

Em clima de confraternização. a maioria dos parlamentares convidados não utilizava máscaras e não resguardava distância entre as cadeiras nas mesas

Com uma farta mesa de café da manhã montada no Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu nesta quarta-feira (29/4) com 25 deputados bolsonaristas do PSL. Em um outro momento, a cena comum passaria despercebida. No entanto, em meio a uma crise de pandemia por coronavírus, chama a atenção a aglomeração dos convidados em meio ao clima de confraternização, desrespeitando a orientação do próprio Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem pedido insistentemente que  a população adote o isolamento social.

A maioria dos parlamentares convidados não utilizava máscaras nem antes, nem após as refeições. Eles também não resguardavam distância entre as cadeiras nas mesas. O fato da maioria não usar o equipamento fica comprovado pois alguns deputados que estiveram no café, saíram com Bolsonaro para dar entrevistas, também sem a máscara.

A reunião ocorreu um dia após a pasta da saúde noticiar que o número total de mortes provocadas pelo Covid-19 no Brasil subiu para 5.017, ultrapassando a China, que registra oficialmente 4.643 mortes por conta do vírus.

A reportagem teve acesso a fotos do encontro. Em uma delas, Bolsonaro aparece bem próximo ao deputado Bibo Nunes, fazendo um vídeo.

Em outra, a deputada Alê Silva (PSL-MG), tira uma selfie, onde aparecem ao fundo o presidente Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos e o ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto.

Na última imagem, o filho número “03” do presidente, Eduardo Bolsonaro, tira uma foto com a deputada federal Caroline de Toni (PSL-SC), que também postou a selfie no Instagram, acompanhada da seguinte mensagem. “Hoje começamos o dia tomando café da manhã com o PR e deputados. Na pauta, os últimos acontecimentos e o prosseguimento das pautas do governo na câmara federal”, escreveu.

O deputado federal  Luiz Lima (PSL-RJ), que teve a mulher e a filha presas ao desrespeitarem decreto estadual que limita o acesso à praia, assinado pelo governador Wilson Witzel, também esteve presente. 

O Correio questionou o Palácio do Planalto sobre o encontro e questionou se as medidas de restrição e isolamento adotadas pelo Ministério da Saúde não se aplicam ao presidente. Em nota, a assessoria disse apenas que "não comentará".

Bolsonaro se defende de "e daí"

Após o café da manhã, Bolsonaro se defendeu sobre a frase dita na noite de ontem (28) durante entrevista na entrada do Palácio da Alvorada, onde foi questionado sobre o aumento das mortes no país pelo nova coronavírus, o que fez com que o Brasil tivesse o número de óbitos ainda maior do que na China. O chefe do Executivo então disparou: “E daí? Lamento. Quer que que eu faça o que? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.

Hoje (29), Bolsonaro levou parte dos parlamentares para defendê-lo na porta da residência oficial, onde costuma falar com apoiadores e conceder entrevistas. Entre eles, os deputados Bibo Nunes, Carla Zambelli e Caroline de Tonni que, junto a ele, criticaram a imprensa sobre as notícias da última entrevista dada pelo chefe do Executivo.

Em uma entrevista tumultuada, marcada por bate-boca, Bolsonaro creditou a governadores o aumento da crise no país. Questionado sobre o decreto editado por ele que amplia a lista de serviços essenciais, Bolsonaro apontou para o governador de São Paulo, João Doria: “As medidas restritivas são a cargo dos governadores e prefeitos. A imprensa tem que perguntar para o Doria porque tem mais gente perdendo a vida em São Paulo. Perguntar para ele que tomou todas as medidas restritivas que ele achava que devia tomar”, disparou.
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