Politica

Ministro da Educação teria xingado STF em reunião citada por Moro

Weintraub teria proferido ofensas contra os 11 ministros. Corte solicitou gravação para apurar denúncias feitas pelo ex-ministro da Justiça

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) é composto por "11 filhos da puta", durante reunião ministerial realizada em 22 de abril, segundo noticiou, nesta sexta-feira (8/5), a colunista do UOL Thaís Oyama. A reunião é a mesma em que, segundo o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cobrou acesso a relatórios de inteligência da Polícia Federal e ameaçou demiti-lo caso não trocasse o comando da superintendência da corporação no Rio de Janeiro. 

O STF requereu o vídeo do encontro dos ministros, mas a Advocacia-Geral da União (AGU) resiste em entregá-lo alegando que foram tratados, na ocasião, "assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores".

As declarações de Weintraub, segundo a colunista, foram ditas em meio a críticas dos membros do governo a decisões recentes do STF, principalmente o despacho do ministro Alexandre de Moraes que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro, para a direção-geral da PF. 

Segundo ainda a nota da coluna, a reunião foi marcada por muitos palavrões e outras expressões ofensivas. Logo no início, por exemplo, o presidente da República teria usado termos nada elogiosos para se referir à China.

O vídeo foi solicitado ao Planalto pelo ministro Celso de Mello, do STF, relator do inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República para apurar as denúncias de Sergio Moro de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF para ter acesso a relatórios de inteligência do órgão.

Saiba Mais

A AGU pediu ao STF que a entrega da gravação "se restrinja apenas e tão somente a eventuais elementos que sejam objeto do presente inquérito". Ou seja, que o governo entregue apenas a parte do vídeo citado por Moro, e não a íntegra do encontro.

Em depoimento no inquérito, Moro disse que, durante a reunião, Bolsonaro ameaçou demiti-lo junto com o diretor-geral da PF caso o superintendente do órgão no Rio de Janeiro não fosse trocado. A exoneração de Maurício Valeixo da direção-geral, formalizada no dia 24 de abril, foi o estopim para a decisão de Moro de deixar o governo. 

O novo chefe da PF, Rolando de Souza, adotou como primeira medida de sua gestão a troca no comando da superintendência no Rio.