Hermeto Pascoal, que morreu em 13 de setembro, foi uma figura central na música brasileira, com fama mundial por sua criatividade e inventividade. Chamado carinhosamente de “O Bruxo”, ele rompeu barreiras entre gêneros musicais e utilizou objetos do cotidiano em suas composições, tornando-se um dos músicos mais inovadores do século XX e XXI.
Ao longo de sua longa trajetória, Hermeto criou melodias não apenas com instrumentos convencionais, mas também explorando sons de chaleiras, baldes, brinquedos e até da própria água. Portanto, estas experiências sonoras ajudaram a expandir a compreensão sobre o que constitui música, encantando diferentes gerações e profissionais das mais diversas vertentes musicais.

Quem foi Hermeto Pascoal?
Hermeto Pascoal nasceu em Lagoa da Canoa, cidade de Alagoas, em 1936, e desde cedo demonstrou interesse pela sonoridade de tudo ao seu redor. Sem enxergar bem desde a infância devido ao albinismo, mergulhou no universo musical ainda jovem, tocando acordeon, flauta, piano, e diversos outros instrumentos que cruzaram seu caminho. Assim, sua carreira decolou nos anos 1960, quando integrou o grupo Quarteto Novo, ao lado de nomes como Airto Moreira e Heraldo do Monte, e logo passou a ser referência entre músicos tanto no Brasil quanto no exterior.
Por que Hermeto Pascoal era chamado de “O Bruxo”?
O apelido “O Bruxo” surgiu graças à habilidade incomum do artista em extrair música de absolutamente qualquer fonte sonora. Era comum Hermeto ser visto em palcos tirando melodia de panelas, copos ou mesmo barulhos do dia a dia, além de improvisar performances com corais formados por pessoas aleatórias nas ruas. Ademais, sua metodologia ultrapassou fronteiras acadêmicas da música, sendo estudada em universidades internacionais e influenciando gerações de músicos experimentais.
- Improvisação radical: Hermeto era capaz de criar composições de improviso ao vivo, sem qualquer preparo prévio.
- Música universal: Ele criou composições para cada dia do calendário, dedicando músicas a aniversários de desconhecidos.
- Laboratório sonoro: O artista transformava qualquer lugar em palco e laboratório de novas experiências musicais.

Quais foram as principais contribuições de Hermeto Pascoal para a música?
A atuação de Hermeto Pascoal transcende a composição e a performance. Ele influenciou diretamente nomes internacionais como Miles Davis, que o considerava um dos músicos mais importantes do mundo. Ao misturar elementos do choro, jazz, forró, música clássica e manifestações afro-brasileiras, Hermeto ajudou a consolidar a música instrumental brasileira como referência global.
- Composições inovadoras: Muitas de suas músicas tornaram-se patrimônio da cultura brasileira.
- Educação e formação: Incentivou o ensino musical livre e criativo, promovendo oficinas e aulas por todo o país.
- Parcerias ilustres: Gravou e se apresentou ao lado de nomes como Elis Regina, Tom Jobim, Edu Lobo e até integrantes importantes do jazz norte-americano.
Além disso, Hermeto deixou um vasto acervo de gravações, partituras e ensaios inéditos, que seguem sendo fonte de estudo para músicos e pesquisadores.
Curiosidades sobre Hermeto Pascoal
Entre os fatos curiosos sobre a trajetória de Hermeto Pascoal, destaca-se sua famosa “Soltando os Bichos”, composta apenas com imitações de sons de animais, mostrando não só virtuosismo, mas também um olhar atento à natureza. Além disso, outra peculiaridade era sua prática de “orquestrar” objetos inusitados, chegando a realizar concertos em que o público fazia parte da performance, batendo palmas ou explorando sons com o que tivessem em mãos.
- Em 1996, Hermeto criou um livro que reúne uma composição para cada data do ano, denominado “Calendário do Som”.
- Foi homenageado em festivais nacionais e internacionais, sendo referência de brasilidade nos quatro cantos do planeta.
- Seu modo de ensino não exigia leitura tradicional de partituras, incentivando o improviso absoluto.
- Apesar da fama mundial, Hermeto se manteve sempre ligado à musicalidade popular do Brasil profundo.
A genialidade de Hermeto Pascoal permanece viva, celebrada por músicos, estudiosos e apaixonados pela diversidade sonora do Brasil. Sua obra segue inspirando novas formas de expressão artística e musical, mantendo o legado do Bruxo dos Sons como uma das maiores riquezas culturais do país.










