A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu, nesta segunda-feira (8), a fabricação e a venda de produtos à base de minoxidil que estavam sendo comercializados como cosméticos. A decisão ocorre porque o ingrediente é classificado como ativo farmacêutico e só pode ser usado em medicamentos destinados ao tratamento de calvície e algumas formas de queda de cabelo. Produtos vendidos como tônicos, loções ou soluções para barba e cabelo, mas registrados apenas como cosméticos, descumprem a legislação sanitária, especialmente quando prometem efeitos terapêuticos. Versões com altas concentrações, como 10% e 15%, também não têm autorização automática e exigem estudos que comprovem segurança e eficácia.
Como medicamento, o minoxidil está sujeito a exigências específicas de qualidade, estabilidade, padronização e monitoramento pós-comercialização, conforme prevê a RDC 529/2021. Por isso, empresas que utilizam o ativo devem seguir normas de boas práticas de fabricação e obter o devido registro sanitário antes da venda.
Por que a Anvisa proibiu tônicos capilares com Minoxi Turbo e similares?
Produtos como “Tônico Capilar Minoxi Turbo Glammour Professional” foram recebidos pela Anvisa como cosméticos, mas exibiam no rótulo e na divulgação as mesmas indicações terapêuticas de medicamentos à base de minoxidil. Então, a agência entendeu que, ao prometer resultados típicos de fármacos, o produto deixou de ser apenas cosmético e passou a atuar no campo de medicamentos, sem cumprir as exigências legais para isso.
Outro item que entrou na mira foi o “Macho Alfa Minoxidil Turbo 15%”, que nem sequer tinha registro na Anvisa. Em outras palavras, não havia avaliação oficial sobre segurança, qualidade da fórmula, origem das matérias-primas e condições de fabricação. Produtos sem registro podem conter concentrações inadequadas, impurezas ou até substâncias não declaradas, o que representa risco potencial à saúde do consumidor.
Além dos tônicos, a Anvisa também determinou a apreensão de cosméticos de marcas pouco conhecidas no mercado formal, como Sabô Ageless e a Maquiagem Capilar Bangna, justamente pela ausência de regularização. Ainda que alguns desses itens não contenham minoxidil, o problema principal é o mesmo: fabricação, distribuição e anúncios sem qualquer autorização sanitária. Em suma, a agência busca impedir que empresas usem brechas na categoria de cosméticos para lançar produtos com promessas de tratamento sem a devida comprovação.
Quais riscos existem no uso de minoxidil sem orientação?
O uso de minoxidil sem acompanhamento adequado pode gerar efeitos que vão além de incômodo estético. Como se trata de um medicamento de uso tópico, o produto pode causar irritação, coceira intensa, descamação e vermelhidão no couro cabeludo ou na pele da face. Entretanto, em concentrações maiores ou uso incorreto, há risco de absorção sistêmica, o que pode afetar a pressão arterial e outros parâmetros clínicos.
Entre os problemas mais relatados estão:
- Reações alérgicas na pele, como dermatites e inflamações;
- Queda de cabelo acentuada no início do tratamento, quando não há orientação sobre o processo;
- Crescimento de pelos em áreas indesejadas, caso o produto escorra para outras regiões;
- Eventuais alterações cardiovasculares em pessoas sensíveis ou com doenças pré-existentes.
Por ser um tratamento de uso prolongado, o acompanhamento médico auxilia na escolha da concentração adequada, na avaliação de possíveis interações com outros medicamentos e na identificação de doenças de base que também podem causar queda de cabelo, como problemas hormonais ou carências nutricionais.
Como o consumidor pode verificar se um produto com minoxidil é seguro?
Em meio a tantas ofertas na internet, o consumidor encontra dificuldade para saber se um tônico capilar com minoxidil está regularizado. Entretanto, alguns passos simples ajudam a reduzir riscos e a identificar produtos que não cumprem as normas sanitárias.
- Checar o número de registro na Anvisa: o rótulo de medicamentos deve apresentar o número de registro ou de notificação. Esse dado pode ser conferido no site oficial da Anvisa. Então, se o número não aparecer na embalagem ou não constar no sistema da agência, o ideal é não comprar.
- Analisar o tipo de promessa no rótulo: frases como “cura definitiva da calvície” ou “resultado garantido em poucos dias” costumam indicar propaganda irregular.
- Observar a categoria declarada: se o produto contém minoxidil e está indicado para tratamento de queda de cabelo, mas aparece apenas como cosmético, há sinal de alerta.
- Desconfiar de marcas sem informações claras: ausência de CNPJ, endereço do fabricante ou contato de atendimento ao consumidor indica irregularidade. Além disso, falta de bula, de composição detalhada e de orientações de uso reforça o risco.
Em caso de dúvida, a recomendação é buscar orientação de um profissional de saúde e consultar as bases públicas da Anvisa.
FAQ – Perguntas adicionais sobre minoxidil, Anvisa e segurança
1. Posso mandar manipular minoxidil em farmácia de manipulação sem receita?
Não. Minoxidil integra a lista de substâncias de uso farmacêutico que exigem prescrição. Portanto, a farmácia de manipulação deve exigir receita e seguir concentrações e formas de uso definidas pelo médico.
2. Minoxidil funciona para qualquer tipo de queda de cabelo?
Não. Então, em alguns casos de queda por questões hormonais, autoimunes ou por deficiência nutricional, o medicamento pode ter resposta limitada. Por isso, o diagnóstico dermatológico antes do início do tratamento se torna fundamental.
3. Crianças e adolescentes podem usar minoxidil?
O uso em menores de idade requer avaliação individualizada. Em suma, o médico precisa analisar causa da queda, histórico familiar e possíveis riscos. Nunca se deve aplicar minoxidil em crianças sem prescrição.
4. Quanto tempo, em média, leva para aparecer resultado com minoxidil?
Em geral, resultados iniciais surgem após 3 a 6 meses de uso contínuo. Entretanto, cada organismo responde de forma diferente e, muitas vezes, a manutenção prolongada se torna necessária para preservar os ganhos.
5. Interromper o minoxidil de repente faz o cabelo cair mais?
Sim, pode ocorrer piora aparente. Portanto, quando o paciente suspende o uso sem orientação, os fios que dependiam do estímulo do medicamento tendem a entrar novamente em fase de queda, o que gera a sensação de “perda de todo o resultado”.
6. Como denunciar um produto irregular à Anvisa?
O consumidor pode usar os canais oficiais de ouvidoria da Anvisa ou o sistema de vigilância sanitária do seu estado ou município. Então, quanto mais informações forem fornecidas (nome do produto, foto do rótulo, local de compra), mais fácil se torna a investigação.







