Ao observar a evolução das práticas agrícolas ao longo das décadas, percebe-se que o cultivo de trigo passou por transformações significativas. O trigo atual apresenta características distintas em relação às variedades antigas, fruto de avanços em técnicas de melhoramento e seleção genética. Essas mudanças tiveram impacto direto tanto na produtividade quanto nas propriedades nutricionais e no uso do cereal na alimentação.
Desde o início do cultivo, o trigo foi adaptado a diferentes regiões e condições climáticas. No passado, as variedades utilizadas eram, em geral, mais simples e apresentavam menor rendimento. No entanto, as mudanças econômicas e o crescimento populacional incentivaram pesquisadores e agricultores a buscar grãos mais resistentes a pragas, doenças e variações do clima. Assim, o trigo moderno reúne qualidades que, há algumas gerações, não eram encontradas nas plantações.

Quais as principais diferenças entre o trigo antigo e o atual?
O trigo cultivado no passado exibia uma estrutura genética menos complexa. Ele era geralmente mais alto, o que o tornava propenso ao acamamento, fenômeno que reduz a produtividade. Nos últimos cinquenta anos, houve uma concentração de esforços em programas de melhoramento para desenvolver cultivares com caule mais curto e grãos de maior qualidade, facilitando a colheita e aumentando a eficiência agrícola. Essas mudanças também favoreceram a adaptação a maquinários modernos e a obtenção de melhores resultados econômicos.
Além da aparência e da produtividade, a composição do trigo também mudou. O teor de glúten pode apresentar variações entre as variedades antigas e modernas. Algumas pessoas levantam questões sobre a presença de proteínas diferentes ou maiores quantidades de glúten, relacionando-as ao aumento da sensibilidade alimentar. É importante ressaltar, no entanto, que fatores ambientais, manejo do solo e métodos de processamento influenciam tanto quanto o perfil genético do cereal.
Como o melhoramento genético influenciou o trigo utilizado atualmente?
O desenvolvimento de novas variedades, resultado do melhoramento genético, foi uma resposta à necessidade de enfrentar desafios como doenças, secas e pragas. Esses processos utilizaram cruzamentos controlados e seleção de plantas com as características mais desejáveis. Nas últimas décadas, novas tecnologias possibilitaram ainda mais precisão, acelerando o surgimento de trigos adaptados às condições regionais e exigências da agroindústria.
- Resistência a doenças: O trigo atual possui maior defesa contra fungos e bactérias que comprometem safras.
- Rendimento elevado: As culturas modernas oferecem produtividade superior devido à bioengenharia e a métodos de irrigação otimizados.
- Maior uniformidade: Os tamanhos dos grãos são mais homogêneos, favorecendo o processamento industrial.
- Qualidade panificável: A composição química dos grãos foi ajustada para melhorar a produção de pães e massas.
O trigo de antigamente era mais saudável do que o atual?
Este questionamento ganha relevância especialmente diante do aumento de casos de intolerância ao glúten e outras condições alimentares. Não há consenso científico de que o trigo antigo seja intrinsecamente mais saudável do que o moderno. A composição nutricional depende de diversos fatores, como tipo de solo, uso de insumos químicos e processamento pós-colheita. Por outro lado, é certo que a presença de uma grande variedade de cultivares antigas contribui para a biodiversidade e oferece alternativas alimentares menos expostas aos processos industriais.
Para quem busca opções diferentes, é possível encontrar em feiras agroecológicas grãos como o trigo espelta, khorasan e einkorn, considerados relictos das primeiras cultivares. Esses trigos primitivos contêm perfis nutricionais próprios e podem apresentar sabores e texturas distintas daquele encontrado na maioria dos pães comerciais.

Mudanças no cultivo de trigo ao longo do tempo
Desde as primeiras colheitas do Crescente Fértil, a humanidade adaptou as lavouras de trigo conforme as demandas de cada época. O crescimento das cidades, a industrialização e os novos hábitos de consumo motivaram ajustes no plantio e processamento do cereal. Hoje, além da produtividade, há preocupação crescente com sustentabilidade e impacto ambiental, levando à pesquisa de cultivares que combinem rendimento, qualidade e respeito ao meio ambiente.
- Seleção de variedades mais resistentes e adaptadas ao clima local.
- Investimento em manejo sustentável para reduzir impactos ambientais.
- Busca por métodos de plantio que conservam a saúde do solo.
- Valorização de trigos antigos como alternativa à alimentação industrializada.
Ao longo dos séculos, o trigo evoluiu junto com as civilizações. As diferenças marcantes entre o trigo cultivado no passado e o de hoje refletem as prioridades de cada época, seja para aumentar a segurança alimentar, diversificar produtos ou responder a preocupações de saúde e meio ambiente. A compreensão dessa evolução auxilia tanto produtores quanto consumidores nas decisões sobre o cereal que chega à mesa todos os dias.










