Em situações nas quais a atividade física intensa ultrapassa os limites do corpo, pode ocorrer uma condição de saúde chamada rabdomiólise. Este quadro clínico caracteriza-se pela quebra acelerada das fibras musculares, liberando substâncias potencialmente tóxicas na corrente sanguínea. Embora envolva, em muitos casos, atletas de alta performance ou praticantes de exercícios extenuantes, também pode afetar qualquer pessoa exposta a esforço físico incomum, independentemente do nível de treinamento.
A rabdomiólise é vista como uma emergência médica devido ao potencial de complicações sérias, como insuficiência renal aguda. Afinal, a liberação dos conteúdos musculares, em especial a mioglobina, pode causar danos significativos aos rins quando não tratada rapidamente. Reconhecer os sinais de alerta pode ser crucial para evitar consequências graves à saúde, especialmente em um cenário no qual a busca pelo desempenho esportivo continua crescendo.

O que é rabdomiólise e por que ela ocorre?
Rabdomiólise é definida pela degradação rápida dos músculos do corpo, resultando na liberação de produtos intracelulares, como mioglobina, creatina quinase e eletrólitos. Esses elementos, ao entrarem em circulação, podem provocar desequilíbrios metabólicos e inflamações em diversos órgãos, destacando-se os rins como os mais vulneráveis a complicações. O excesso de exercício está entre as principais causas não traumáticas dessa condição, especialmente durante treinamentos extenuantes, maratonas, práticas de crossfit e até mesmo em aulas aeróbicas intensas.
Outros fatores além do esforço físico também podem desencadear a rabdomiólise, como uso de certos medicamentos, consumo excessivo de álcool, traumas diretos, infecções e até doenças genéticas. No caso do exercício, o risco aumenta quando não há preparação adequada, hidratação suficiente ou após longos períodos de inatividade, colocando maior pressão sobre as fibras musculares.
Quais são os sintomas de rabdomiólise após atividade física?
Os sintomas dessa condição podem se manifestar de formas variadas, mas existem sinais clássicos considerados de alerta. Normalmente, as pessoas afetadas relatam dor muscular intensa, fraqueza generalizada, inchaço nos membros e urina escura, com coloração semelhante à coca-cola, devido à presença de mioglobina eliminada pelos rins. Em situações mais graves, podem surgir febre, náuseas, vômitos e confusão mental, exigindo assistência médica imediata.
- Fraqueza muscular persistente ou dificuldade para mover as pernas ou braços;
- Dor intensa localizada em grupos musculares específicos, frequentemente os trabalhados no exercício;
- Edema ou aumento de volume no local afetado, muitas vezes acompanhado de sensibilidade ao toque;
- Alteração da cor da urina, que pode variar de marrom escuro a avermelhada;
- Sinais sistêmicos como febre, mal-estar e desidratação.
O aparecimento desses sintomas poucos dias após atividades físicas intensas serve como alerta para a necessidade de avaliação clínica. A ausência de tratamento pode levar à piora do quadro, comprometendo o funcionamento renal e cardiovascular.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento da rabdomiólise?
O diagnóstico da rabdomiólise exige a combinação dos sintomas relatados com exames laboratoriais específicos. A dosagem da creatina quinase (CK) no sangue costuma identificar valores significativamente elevados, indicando lesão muscular aguda. Além disso, exame de urina pode revelar níveis elevados de mioglobina, mesmo na ausência de hemácias. Outros testes podem incluir análise de eletrólitos, função renal e avaliações de outros marcadores inflamatórios.
O tratamento da rabdomiólise baseia-se principalmente na hidratação agressiva, muitas vezes por via intravenosa, para diluir e eliminar rapidamente as substâncias tóxicas liberadas pelos músculos. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de medicamentos para corrigir desequilíbrios metabólicos ou, em situações críticas, recorrer à hemodiálise caso se desenvolva insuficiência renal. O acompanhamento hospitalar garante o monitoramento constante da função renal e o controle de possíveis complicações metabólicas.
- Reposição volêmica com soro fisiológico para preservar os rins;
- Monitoramento contínuo dos eletrólitos e dos níveis de creatina quinase;
- Controle dos sintomas para evitar agravamento;
- Consideração de suporte avançado, como diálise, se necessário.
Como prevenir a rabdomiólise em praticantes de exercícios?
A prevenção desse problema passa pela adoção de medidas simples, mas essenciais. Respeitar os limites físicos, aumentar gradativamente a intensidade dos treinos, manter hidratação constante e realizar pausas adequadas entre os exercícios estão entre as principais recomendações para evitar o desenvolvimento da rabdomiólise.
Instrutores de atividade física devem orientar os praticantes sobre os riscos do excesso e incentivar escuta ativa do corpo, além de valorizar a recuperação muscular. Pessoas com histórico de lesões musculares ou condições clínicas prévias precisam de avaliação médica antes de intensificar a rotina de exercícios. Adotar práticas seguras contribui para uma vida ativa e saudável, sem colocar em risco a integridade dos músculos e demais órgãos.






