Fitness & Nutrição

Síndrome do exagero: excesso de exercícios pode afetar o corpo

Atividades físicas feitas em grande quantidade e sem orientação podem ocasionar problemas de saúde, como a rabdomiólise, doença que, se não tratada a tempo, leva à insuficiência renal

Reconhecer limites e optar por exercícios leves é uma boa opção para evitar a rabdomiólise.  -  (crédito: anniespratt/Unsplash)
Reconhecer limites e optar por exercícios leves é uma boa opção para evitar a rabdomiólise. - (crédito: anniespratt/Unsplash)
postado em 26/01/2024 14:40 / atualizado em 26/01/2024 14:41

A prática de exercícios físicos, seja em academias, seja em centros esportivos, é muito importante para a saúde e a boa forma. Porém, o excesso de atividades pode trazer problemas graves, que muitas vezes necessitam de internação e medicação. A rabdomiólise é uma síndrome causada, em muitos casos, por esse esforço extremo. 

A doença é caracterizada pelo aumento de toxinas na corrente sanguínea. "No caso das atividades físicas vigorosas, as fibras musculares podem se danificar, resultando na liberação de produtos celulares, como mioglobina, na corrente sanguínea. Se essa liberação for significativa, pode sobrecarregar os rins, levando a complicações", explica o profissional de educação física Luiz Henrique da Silva.

Essas substâncias podem afetar o sistema urinário, causando dor e dificuldade de movimentação, e, se não tratada no momento certo, pode gerar problemas como insuficiência renal.

Causas, Sintomas e tratamento

Segundo a nefrologista Núbia Moreira, a rabdomiólise pode ser causada por uma série de fatores, a exemplo de consumo de algumas drogas, picadas de cobras, infecções e o uso de medicações. A prática intensa de exercícios físicos também é um fator para o desenvolvimento da patologia, que vem ganhando notoriedade no mundo fitness por sua gravidade e peculiaridade.

Mesmo que sejam comuns relatos de dores musculares após a atividade física, quando o desconforto se torna insuportável e acompanhado de outros sinais, é hora de se preocupar. Urina amarronzada, náuseas, cansaço e dificuldade extrema de movimentos são exemplos desses sintomas que podem vir relacionados às dores. 

De acordo com Núbia Moreira, a síndrome atinge diretamente os grupos musculares lesionados, podendo afetar a função dos rins. Quando isso ocorre, dependendo do quadro do paciente, internação e hemodiálise podem ser necessárias, para acompanhamento e prevenção de complicações.

 

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Aquecimento e alongamento são fundamentais para preparar os músculos e evitar lesões. (foto: emdjay/Unsplash)

Prevenção e cuidados

Assim, para a manutenção de uma rotina de treinos saudáveis, são necessárias algumas medidas. O professor de educação física Luiz Henrique da Silva ressalta que a prática de exercícios físicos deve contar com orientação de um profissional da área. "Isso ajuda na criação de um programa de atividades adaptado às necessidades e às capacidades individuais", ressalta. Segundo ele, a intensidade dos treinos deve ser feita de forma cuidadosa, sempre ficando em alerta com os sinais de fadiga do corpo e evitando mudanças bruscas no nível de atividade física.

"É sempre bom reforçar a importância de lembrar que o objetivo não é buscar treinos extremos ou associar o sucesso ao desconforto muscular, mas, sim, promover um exercício seguro e eficaz", completa a personal trainer e professora de educação física Vera Guimarães. Ela ainda pontua que a realização de exames regulares também é importante, assim como considerar qualquer condição de saúde preexistente.

Vivendo na pele

Os quadros de rabdomiólise causados por exercícios físicos extremos são cada vez mais comuns. A estudante Cecilia Nunes foi uma dessas pessoas impactadas pela doença por esse motivo. A jovem de 23 anos desenvolveu a síndrome durante uma aula de ciclismo na academia, em 2019. "Eu decidi fazer essa aula sem saber que era tão pesada, principalmente para quem não está acostumado", conta Cecilia.

Na época, a jovem estava com 18 anos e era sedentária. Durante a atividade, Cecilia relata ter sentido um desgaste nas pernas, perda de força e pressão baixa, e, assim que saiu da bicicleta, desmaiou. Em seguida, após muitas dores, a urina começou a sair amarronzada e a mobilidade ficou comprometida. A estudante fez exames que mostravam alteração na taxa de mioglobina e foi internada na sequência, com risco de falência múltiplas de órgãos, fígado e rins.

"Fui internada durante seis dias, tomando muito soro, água e alguns remédios intravenosos. Coletava sangue todos os dias e fazia exame, por causa dos rins, que estavam em risco. Tudo isso foi feito até a taxa da mioglobina baixar", narra Cecilia.

Volta para o exercícios físicos

Como no caso de Cecilia, no período de recuperação dos pacientes com rabdomiólise  as atividades físicas podem ser praticadas, mas com cuidados. "Orienta-se que o paciente tenha uma hidratação adequada para o peso, a idade e o grau de atividades durante o dia, bem como supervisão profissional durante a prática", recomenda a nefrologista Núbia Moreira.

Cecilia Nunes conta que ainda precisa ficar atenta ao fazer esforço. "Até hoje, quatro anos depois, às vezes sinto fraqueza nas pernas ao fazer certos exercícios físicos, então faço atividades até o meu limite e não com muita frequência", finaliza a estudante.

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