DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Saúde lança campanha por transplantes após queda de 40% na pandemia

A ação tem como objetivo sensibilizar a população sobre a importância da doação de órgãos e reafirma a prioridade em incentivar a retomada do fluxo de procedimentos

Bruna Lima
postado em 24/09/2020 17:22 / atualizado em 24/09/2020 17:23
 (crédito: Divulgação / Hospital Brasília)
(crédito: Divulgação / Hospital Brasília)

Durante a pandemia da covid-19, os transplantes no Brasil caíram 37,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. Para retomar o fluxo normal dos procedimentos, o Ministério da Saúde lançou, nesta quinta-feira (24/9), a campanha “Doe órgãos. A vida precisa continuar”, com o compromisso de adoção de protocolos rigorosos para garantir a segurança dos pacientes.

Enquanto de janeiro a julho de 2019 foram realizados 15.827 transplantes, no comparativo com 2020 a queda é brusca: 5.875 procedimentos a menos. Isso porque vários centros hospitalares especializados em realizar esse tipo de cirurgia precisaram interromper ou reduzir as operações a fim de suprir a demanda dos pacientes com covid-19. A necessidade por transplante, no entanto, não diminuiu. Até 31 de julho, 46.181 pacientes aguardavam na fila.

Estados mais afetados pela pandemia e que viveram o limite da capacidade do sistema de saúde reduziram ou até mesmo pararam o programa de transplantes. A redução de voos comerciais também impactou na dinâmica. Segundo o Ministério da Saúde, no entanto, “à medida que a situação ficou controlada, o programa foi retomado”.

Os transplantes de medula óssea, pelo alto impacto imunológico, tiveram redução em 25,82%, passando de 2.130, em 2019, para 1.580, em 2020. Os transplantes de coração caíram 25,10%, passando de 231, em 2019, para 173, impactados pela dificuldade de logística, redução no número de doadores e estrutura de UTI livre de covid-19. As doações de órgãos também tiveram queda de 8,4%, passando de 6.466 potenciais doadores para 5.922.

Referência

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, destacou que a pasta está empenhada em encontrar soluções e incentivar o programa de transplante ainda durante a pandemia. “A retomada dos procedimentos será subsidiada por protocolos rigorosos para garantir a segurança de todos”, disse. “Nosso país, junto com o maior sistema único de saúde do mundo, também é referência mundial como maior sistema público de transplantes. É uma grande responsabilidade para todos manter e melhorar isso”, destacou o general, em cerimônia de lançamento da campanha.

Com o objetivo de manter o monitoramento desses pacientes, mas reduzir a circulação evitável de pacientes portadores de doenças crônicas graves em unidades hospitalares, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) incentivou as equipes de transplantes a realizar acompanhamentos por meio de consultas em plataforma digital.

Precaução

Dos 9.952 transplantados este ano, os pacientes que foram submetidos à cirurgia após o início da intensificação da covid-19 no Brasil precisaram passar por um protocolo mais rigoroso de checagem, com testagem para o vírus mesmo naqueles que não manifestavam sintomas. Em caso positivo, a cirurgia não foi realizada, devido ao risco adicional, e outro paciente da fila ocupou a vaga.

“Outra ação do Ministério da Saúde é o acompanhamento semanal dos dados junto às Centrais Estaduais de Transplantes. A situação, no momento, parece ter se estabilizado. Centros importantes que estavam inativos estão retomando as atividades, e retomamos a captação de córnea em doador falecido por parada cardíaca”, afirma nota do Ministério da Saúde.

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