Covid-19

Vacina chinesa: oposição quer ouvir Anvisa e Saúde

Além de Barra Torres, diretor da agência, ministro Eduardo Pazuello e diretor do Butantan, Dimas Covas, podem ser chamados a explicar suspensão das pesquisas com a CoronaVac. Deputados e senadores vêem motivação política

Luiz Calcagno
postado em 10/11/2020 16:41 / atualizado em 10/11/2020 22:38
Morte de um dos pacientes que haviam sido imunizados pela CoronaVac fez Bolsonaro reacender a disputa que mantém com Doria -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Morte de um dos pacientes que haviam sido imunizados pela CoronaVac fez Bolsonaro reacender a disputa que mantém com Doria - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A oposição já se mobiliza no Congresso para pedir explicações à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que suspendeu os testes da vacina contra o coronavírus desenvolvida em conjunto pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac. O líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), fez um requerimento ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para explicar a falha na comunicação entre a agência e a entidade científica ligada ao governo de São Paulo. Já os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) fizeram convocações ao diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas

A polêmica começou quando o presidente Jair Bolsonaro comemorou, nas redes sociais, a suspensão dos testes da CoronaVac e acusou a vacina de provocar “morte, invalidez ou anomalia” de um integrante da equipe vinha se submetendo às pesquisas do Butantan. Chegou a dizer que "vencera" o governador de São Paulo, João Doria. Mas, soube-se depois, a morte do paciente nada teve a ver com o imunizante – teria sido um suicídio.

No requerimento, Guimarães afirma que “o governo brasileiro age como se a vida das pessoas fosse objeto de disputa eleitoral”. “Vivemos a maior pandemia de saúde do século, contabilizamos mais de 160 mil mortos e os efeitos econômicos da paralisação das atividades já são devastadores. O mundo inteiro aguarda ansiosamente a vacina para o combate ao covid-19, e nesse momento crucial, o governo brasileiro age como se a vida das pessoas fosse objeto de disputa eleitoral”, protestou.

Randolfe estacou que a Anvisa alegou, na suspensão, a ocorrência de um evento adverso grave – porém, sem explicar que evento foi esse. E lembrou, na justificativa para a convocação de Barra Torres, que Bolsonaro comemorou a suspensão dos testes. “Trata-se de mais uma atitude repugnante do Presidente de República. Ele se utiliza da morte de um paciente e da paralisação dos estudos clínicos de uma vacina que pode salvar milhares de vidas para se vangloriar”, criticou. "Não podemos descartar que a Anvisa tenha sido instrumentalizada para cumprir os caprichos do presidente e lhe garantir ‘mais uma vitória’ às custas da saúde”, acrescentou.

Já Alessandro Vieira destacou que suspensões podem acontecer, mas não por disputas políticas entre o presidente e o governador.  “Não é aceitável que possíveis disputas políticas possam atrasar uma medida tão aguardada como a distribuição da vacina”, argumentou.

Parlamentares também se posicionaram nas redes sociais. O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), disse que o partido pedirá a convocação de Barra Torres e Pazuello.

 

Vice-líder da minoria na Câmara, Marcelo Freixo (PSol-RJ) criticou a fala de Bolsonaro.

O líder do Cidadania na Casa, Arnaldo Jardim (SP), disse que o posicionamento de Bolsonaro foi “inconsequente”. “Além de desprezar a ciência, Bolsonaro se comporta de maneira antiética e desprezível”, disparou.

Aliada de Bolsonaro, a pesselista Carla Zambelli (SP) defendeu o posicionamento de Barra Torres na coletiva de imprensa em que justificou a suspensão dos testes.

 

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