Após postar que não existe medicamento contra a covid-19 e afirmar que a maior medida de combate é o isolamento social, o Ministério da Saúde excluiu a publicação feita pelas redes sociais, nesta quarta-feira (18/11). A orientação vai de encontro ao defendido publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro que, contrariando as recomendações técnicas, tem afirmado que é necessário se expor ao vírus. Menos de uma hora depois, a mensagem foi retirada do ar. Fontes consultadas pelo Correio confirmam que a resposta desagradou o Palácio do Planalto
A mensagem da pasta veio em tréplica à resposta de um internauta, que comentou “azitromicina” na publicação do ministério que recomendava procurar uma unidade de saúde ao identificar quaisquer sintomas do novo coronavírus. “Quanto mais cedo começar o tratamento, maiores são as chances de recuperação”, dizia a publicação a qual o internauta reagiu.
A azitromicina é um antibiótico usado no tratamento de pneumonia bacteriana. O medicamento está incluso no protocolo do Ministério da Saúde que orienta tratamento de pacientes adultos com sintomas leves, moderados e graves da doença, juntamente com a cloroquina. Apesar da orientação da pasta, estudos não comprovam a eficácia dos medicamentos no tratamento da covid-19.
"Não há tratamento específico"
A resposta da pasta, por outro lado, relembrou que não há tratamento específico contra a covid. "Olá! É importante lembrar que, até o momento, não existem vacina, alimento específico, substância ou remédio que previnam ou possam acabar com a covid-19. A nossa maior ação contra o vírus é o isolamento social e a adesão das medidas de proteção individual", respondeu o ministério.
O Correio entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber o que motivou a retirada da mensagem, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Segunda onda
Tal como fez no início da pandemia da covid, o presidente Jair Bolsonaro voltou a diminuir a gravidade do contágio, se referindo à possibilidade de uma segunda onda como "conversinha". "Tem que enfrentar se tiver. Se quebrar de vez a economia, seremos um país de miseráveis. Só isso", disse, na saída do Palácio da Alvorada, na sexta (13). Dias antes, em discurso oficial, o mandatário afirmou que o Brasil tem que "deixar de ser um país de maricas" e enfrentar a pandemia de covid-19 de "peito aberto".
Desde o início da pandemia, Bolsonaro contraria a ciência ao promover manifestações contra o isolamento social e causar aglomerações sem fazer o uso de máscaras — equipamento de segurança que, inclusive, fez campanha contrária ao vetar artigos da lei que obrigavam o seu uso. Ele também é considerado garoto propaganda de medicamentos sem eficácia comprovada para tratar covid-19, como a cloroquina.
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