PANDEMIA

Governadores divididos sobre plano nacional de vacinação contra a covid-19

Enquanto alguns gestores estaduais defendem que imunização seja iniciada ao mesmo tempo em todas as unidades da Federação, outros receiam em confiar na estratégia do governo federal

Além do embate entre João Doria e o ministro Eduardo Pazuello, a reunião entre a Saúde e governadores, na terça-feira (8/12), revelou o desconforto de boa parte dos gestores estaduais com a intenção do estado de São Paulo de iniciar a imunização em janeiro, antecipando-se ao planejamento anunciado até aqui pelo governo federal.

Aliado do presidente Jair Bolsonaro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), criticou o colega paulista. “Nos preocupa o governador de São Paulo dizer que vai iniciar vacinação em 25 de janeiro. Isso coloca em jogo a credibilidade dos demais governadores. O plano nacional não é responsabilidade dos governadores”, afirmou Caiado.

Caiado citou um “desconforto enorme” após o anúncio de Doria. “Nunca vi na vida um estado querer sair na frente de outro”, completou Caiado, que é médico e enfrenta novo crescimento de casos de covid-19.

Para o governador de Goiás, Pazuello deixou claro que medidas estão sendo tomadas pelo governo federal e que cada governador está preocupado em fazer vacina chegar o mais rápido possível à população.

Outros governadores também relataram o compromisso do Ministério da Saúde. “Há uma possibilidade real de ter em janeiro bem mais vacinas do que estava previsto no Plano de São Paulo. E nisso vai permitir que a gente tenha vacina em São Paulo, mas vacina também em outros lugares do Brasil”, disse Wellington Dias (PT), governador do Piauí. Dias comentou não ser “razoável” um estado ficar à frente dos outros na vacinação contra a covid.

Ação no STF

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), assumiu uma postura ambígua. De um lado, criticou a iniciativa de São Paulo, apesar de se tratar de um governador tucano. “A considerar a tradição do Programa Nacional de Imunizações, não faz sentido abrir uma disputa entre os Estados e municípios ou que cada ente subnacional estabeleça uma política própria. Temos o PNI e este é o melhor caminho para viabilizar a vacinação de todos os brasileiros”, afirmou.

Ao mesmo tempo, Leite disse ter entrado em contato com o Instituto Butantan, a fim de adquirir a CoronaVac para seu estado. “Eu tenho responsabilidade com 11,5 milhões de gaúchos, a gente não pode confiar, basear a política pública apenas na confiança. Eu pessoalmente confio na gestão do Pazuello dentro de tudo vivido até aqui. Mas observa-se o quanto se politizou o tema da vacina, e eu não posso gerar problemas à minha população a partir de uma confiança pessoal. Tenho planos de contingência, para frustração dessa confiança, dessa expectativa”, disse o governador.

Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, também tomou providências. Anunciou ter entrado com ação no Supremo Tribunal Federal com o objetivo de que estados possam adquirir diretamente vacinas contra o coronavírus autorizadas por agências sanitárias dos Estados Unidos, União Europeia, Japão e China.

*Estagiários sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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