Pandemia

Sete pacientes morrem por falta de oxigênio no interior do Amazonas

Prefeitura de Coari culpa governo estadual pelas mortes por falhas no planejamento do Amazonas para distribuição de insumos

Thays Martins
postado em 19/01/2021 16:24 / atualizado em 19/01/2021 19:42
 (crédito: Mario Tama/AFP)
(crédito: Mario Tama/AFP)

O colapso na saúde do Amazonas têm atingido não só Manaus como todo o estado. Distante 363km da capital amazonense, a prefeitura de Coari divulgou uma nota, nesta terça-feira (19/1), em que diz que sete pacientes com covid-19 morreram na cidade por falta de oxigênio.

O texto culpa o governo do estado pela mortes no município. Segundo a carta, houve falhas no planejamento do Amazonas para distribuição de insumos. A prefeitura afirma que deveria ter recebido 40 cilindros de oxigênio na segunda-feira, porém, a aeronave foi deslocada para Tefé (AM) e não pode voltar porque o aeroporto não aceita voos noturnos. A carga só chegou às 7h desta terça, mas o oxigênio teria acabado às 6h.

A nota ainda diz que 200 cilindros que pertencem ao Hospital Regional de Coari estariam retidos pelo estado.

O governo do estado do Amazonas disse, em nota, que o sistema de saúde Coari é independente e que mesmo assim o governo tem ajudado no suporte. Segundo o estado, a entrega dos cilindros não foi feita na segunda por um atraso da empresa fornecedora. O governo ainda lamentou a morte das sete pessoas. 

Crise do oxigênio

Desde a semana passada, o Amazonas sofre com a falta de oxigênio. Pacientes tiveram que ser transferidos para outros estados e o governo tem recebido doações para ajudar nos estoques.

Ao todo, o estado tem 232 mil casos e 6,3 mil mortes. O estado está com toque de recolher entre 19h e 6h. As atividades econômicas não-essenciais estão suspensas até 31 de janeiro.

Além do Amazonas, esta semana o Pará também começou a sofrer com a falta de oxigênio. Em 24 horas, o estado reportou seis mortes causadas pela falta do insumo

Nota divulgada pela prefeitura de Coari
Nota divulgada pela prefeitura de Coari (foto: Reprodução)

 Nota governo do Amazonas 

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) lamenta o ocorrido no município de Coari. A SES-AM informa que, por opção do município, o sistema de saúde na cidade é independente, sendo a gestão plena da Prefeitura Municipal. Ainda assim, o Governo do Estado nunca se furtou de auxiliar a administração local, entre outras coisas, com o fornecimento de oxigênio.

Nesta segunda-feira (18/01), por um atraso por parte da empresa White Martins em liberar os cilindros que seriam enviados de Manaus para Coari, não foi possível levar o oxigênio em voo direto, considerando que o aeroporto da cidade não opera à noite.

Para garantir que a cidade não ficasse desabastecida, por articulação da secretaria de Estado de Saúde, os 40 cilindros foram enviados em voo para Tefé, para que de lá a carga fosse transportada de lancha para Coari.

A transferência dos cilindros de lancha para Coari foi alinhada com a cooperação da prefeitura de Tefé e, de acordo com a Secretaria Executiva Adjunta do Interior, da SES-AM (SEAI-SES/AM), houve um novo atraso na saída da lancha para Coari, o que contribuiu também para que a chegada do material não ocorresse no tempo necessário.

A SES-AM reforça que entre repasses federais e estaduais para investimento em saúde em 2020, Coari recebeu R$ 17,8 milhões. Somente do Governo do Estado, por meio do Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas (FTI), foram R$ 2,3 milhões.

A SEAI-SES/AM destaca que nesse cenário de pandemia é fundamental a colaboração de todos os atores do Estado, inclusive dos gestores municipais.

O Estado do Amazonas segue empregando todos os esforços para equacionar a dificuldade de logística e de abastecimento de oxigênio da empresa White Martins. Ao mesmo tempo em que está unindo esforços para transportar cilindros de oxigênio para todo estado.

As entregas e envios seguem ocorrendo diariamente para os municípios do interior, seja por envio terrestre, aéreo ou em retirada pelos municípios na sede do patrimônio da SES, localizada na Central de Medicamentos.

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