Pandemia

Dimas Covas a Bolsonaro: tenha "dignidade" de defender a CoronaVac

Produção da vacina no Instituto Butantan depende do recebimento de insumos da China. Diretor pede que o presidente da República determine empenho ao Itamaraty na negociação com o governo chinês

Sarah Teófilo
Maria Eduarda Cardim
postado em 19/01/2021 22:03 / atualizado em 19/01/2021 22:35
 (crédito: Assessoria do Governo de São Paulo)
(crédito: Assessoria do Governo de São Paulo)

Diante do atraso na importação da matéria-prima necessária para a produção de doses da CoronaVac no Brasil, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, pediu que o presidente Jair Bolsonaro tenha "dignidade", passe a defender o imunizante e determine empenho ao Ministério de Relações Exteriores na negociação com o governo da China. Os insumos  e aguardam autorização do governo chinês para serem enviados ao Brasil.

Covas afirmou que o atraso no envio do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), necessário para produzir as doses da Coronavac no Brasil, ocorre por questões burocráticas. Segundo Covas, a matéria-prima está produzida desde meados de janeiro, aguardando apenas a autorização do governo chinês para ser exportada.

“De fato, nós estamos com um atraso que é meramente burocrático, nesse momento. Esperamos resolver isso rapidamente para que esse fluxo de restabeleça. Obviamente, esse processo político que aconteceu no Brasil tem influência. A todo momento, criticando a vacina, a China. Então, isso influenciou, sim”, disse Covas nesta terça-feira (19/1) em entrevista coletiva em Ribeirão Preto (SP).

"Não valia nada"

O diretor do Butantan disse, ainda, que o presidente Jair Bolsonaro manifestou, em diversos momentos, que “a vacina não valia nada porque era da China”. "Uma tremenda bobagem de quem não tem a menor noção. Se a vacina agora é do Brasil, que o nosso presidente tenha a dignidade de defendê-la e de solicitar inclusive apoio de seu Ministério de Relações Exteriores na conversa com o governo da China, é o que nós esperamos”, disse.

A CoronaVac teve o uso emergencial aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no último domingo (17), assim como a vacina de Oxford/Astrazeneca, que será produzida no país em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No momento, o Brasil tem 6 milhões de doses da Coronavac distribuídas, e o Butantan solicitou nesta semana o uso emergencial para usar mais 4,8 milhões de doses que já estão prontas.

Para continuar a produção da vacina no Brasil, o país depende da China para importação da matéria-prima. Covas relatou esperar que haja agilidade na aprovação do uso emergencial do lote adicional. Na segunda-feira (18), Covas informou que o instituto já utilizou toda a matéria-prima disponível. 

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